"O maior desafio da humanidade no século XXI são as alterações climáticas. É nas cidades que este desafio será ganho ou perdido."
António Costa
Durante vários anos ouvi ambientalistas, cientistas e políticos de países do norte da Europa terem este tipo de discurso e interrogava-me quantas décadas seriam precisas para que os políticos portugueses acordassem para esta questão. Afinal não foi preciso esperar tanto tempo, ontem António Costa abriu o debate dos candidatos à câmara de Lisboa com esta frase, que aliás tem repetido várias vezes ao longo dos últimos meses.
Mas não é só uma frase é toda uma ideia de cidade que é coerente. Durante os últimos dois anos o executivo liderado por António Costa promoveu a revisão do PDM (a primeira desde 1994), neste revisão foram definidos vários planos de pormenor, da baixa, parque Mayer, Avenida 24 de Julho/ Aterro da Boavista, Alcântara, Avenida de Berna.
O PDM e os planos de pormenor que foram definidos redesenham a cidade de Lisboa, retirando em muitos caso espaço ao automóvel, alargando passeios, aumentando os espaços verdes e construindo ciclovias. No discurso deste executivo está também sempre presente a necessidade de aumentar e melhorar a rede de transportes públicos.
Nos últimos dois anos houve a coragem de retirar espaço aos automóveis para aumentar passeios e construir ciclovias. Não me lembro de alguma vez ter assistido a algo de semelhante em Lisboa, lembro-me diversos passeios terem sido reduzidos para alargar estradas ou criar espaços de estacionamento. Esta mudança de ciclo enche-me de esperança, até porque está de acordo com a discurso de Costa "a cidade não é para os carros é para as pessoas".
O mítico corredor verde projectado por Ribeiro Teles em 1976 foi concluído nos últimos dois anos. O vereador Sá Fernandes está também a apoiar a criação de hortas urbanas, uma ideia também há muito defendida por Ribeiro Teles que nunca ninguém levou a sério, e que está a agora a crescer.
Outra medida inovadora que já está a ser implementada e que certamente reduzirá a quantidade de deslocações de automóvel na cidade, é rede de transporte escolar, para transportar as crianças de Lisboa entre a casa e a escola, melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas e reduzindo o trânsito automóvel na cidade.
Mas a equipa de António Costa não tem só um plano para revolucionar a mobilidade e a rede ecológica da cidade. Durante os últimos meses foram efectuados diversos debates públicos sobre cultura, habitação, integração de minorias, mobilidade etc. Tendo sido elaborado um ambicioso plano estratégico para a cidade abrangendo todas estas áreas.
E quase me esquecia de uma medida muito importante, no seu primeiro ano de mandato António Costa criou o orçamento participativo tornando Lisboa na primeira capital europeia em que os cidadãos decidem o que fazer com uma parte do orçamento municipal. Esta iniciativa que estimula a participação dos cidadãos nas decisões da comunidade e fortalece a democracia, ainda não tem um número de participantes pequeno quando comparado com população de Lisboa, mas registou-se grande aumento de participação do primeiro para o segundo ano. É de esperar que o terceiro orçamento participativo de Lisboa, que já está em preparação, continue a crescer em termos de participação, mas atenção este processo foi uma aposta deste executivo e não qualquer garantia que fosse mantida se o executivo mudasse.
Por tudo o que foi feito, está a ser feito e pelo que se propõe a fazer, a equipa de António Costa, agora reforçada por Helena Roseta e por outros cidadãos como Fernando Nunes de Oliveira (especialista em mobilidade), já merecia um apoio massivo dos lisboetas. Depois de ter visto o debate de ontem com os restantes candidatos,
em que nenhum deles mostrou um discurso minimamente coerente, uma ideia para a cidade, digo que António merecia ter 80% dos votos.
Mas não vai ter, a verdade é que a lista de Santana Lopes, que defende que se continue a andar sem quaisquer restrições de carro em Lisboa e que aposta na construção de mais dois túneis que facilitem o atravessamento de Lisboa a grande velocidade, ainda pode ganhar as eleições. Santana já prometeu inverter algumas decisões de restrição de circulação automóvel decididas por este executivo.
O futuro de Lisboa, a qualidade de vida dos lisboetas depende fortemente do resultado destas eleições. Esta nas nossas mãos escolher a cidade em que queremos morar.
Por isso apelo para que os que puderem votem em António Costa.
Eu não aceito morar na cidade de Santana Lopes.
Eu quero morar na cidade de António Costa.
Um só comentário: Rede de transportes escolares.
ResponderEliminarAcho que não faz sentido dentro de Lisboa. À partida os alunos têm aulas em escolas próximas de sua casa onde facilmente chegam de transportes (que dentro da cidade são bastante razoáveis) ou a pé. É impossível ter um transporte à porta de cada aluno e não me parece que seja a falta de transportes que leva os pais a levar os filhos à escola. Penso que seria um desperdício de meios sem resultados práticos em termos da diminuição do número de carros. Os pais iam continuar a levar os filhos à escola. A solução tem de estar nos transportes existentes e em mais educação cívica e não numa nova rede de transportes municipal para estudantes.
Nunca fui apoiante do Costa mas, o seu programa eleitoral (e a sua obra) convenceu-me de que é um candidato extraordinário para câmara de Lisboa e único no país.
ResponderEliminarEu cá não gosto de maçons e não voto em aldrabões. O António "banha da cobra" Costa pode até dar-me uma bicicleta de graça, mandar enforcar todos os condutores e pintar a cidade de verde e branco, que mesmo assim eu não o recomendo para nada, a não ser para o prémio Nobel.
ResponderEliminarHugo,
ResponderEliminarPenso que a rede se destina a transportar crianças que são (ou os pais acham que são) demasiado pequenas para se fazerem transportar sozinhas. Eu comecei a andar de transportes públicos sozinho quando fui para o primeiro ano de ciclo com 9/10 anos. A minha sobrinha entrou este ano para o 1º ano de ciclo e mora a menos de 1km da escola, bastaria fazer uma viagem de 10 min de camioneta (ela mora em Caneças) para chegar a casa, no entanto isso é completamente impensável para os seus pais, e a minha irmã contratou uma empresa de transporte escolar para a levar para casa. Tenho alguma curiosidade em saber quando é que ela será suficientemente adulta para viajar sozinha, suspeito que ainda vai demorar.
Como a minha irmã e o meu cunhado há imensos pais que acham que os seus filhos não podem andar sozinhos na rua (efeito Maddie?) e na maior parte dos casos transportam eles próprios os filhos à escola, outros com mais dinheiro e menos tempo (como a minha irmã) contratam empresas que transportam crianças entre a casa e a escola em mini-autocarros, não tens reparado que há cada vez mais empresas deste tipo?
É claro que é difícil montar um sistema deste tipo, mas este projecto está a ser desenvolvido de forma prudente e organizada, o responsável pela sua implementação é o especialista em urbanismo e transportes do IST o professor José Manuel Viegas. O projecto começou ser implementado apenas à Freguesia de S. Sebastião e será durante os próximos dois anos progressivamente alargado à cidade toda. Começou por definir-se qual a distância máxima que uma criança teria que percorrer até à paragem mais próxima, depois definiram-se as paragens e o tempo de espera máximo e por ai fora.
Por acaso a maior falha que eu vejo num sistema deste tipo é o ser apenas municipal, há muitas crianças que estudam em escolas foram do concelho onde residem, por isso este sistema devia ser inter-municipal mas isso leva-nos a questões que são mais complicadas de resolver, pois envolvem a inexistente junta metropolitana de Lisboa.
No entanto parece-me que o transporte das crianças da cidade de Lisboa em mini-autocarros vai evitar muitos percursos automóveis desnecessários e melhorar a qualidade de vida de muita gente, sendo que o passo seguinte é convencer as pessoas a deixarem o carro em casa. Porque o transporte dos miúdos era o melhor argumento (até hoje irrefutável) para ter que andar de carro na cidade, se os miúdos forem nos mini-autocarros da CML porque é que os pais não hão-de ir nos autocarros grandes da Carris?
O essencial é que as pessoas adiram, para que isso aconteça é essencial que este sistema conquiste a confiança das pessoas a nível de segurança, eficiência e qualidade. Se o conseguir não tenho dúvidas que estamos perante uma grande revolução em Lisboa, diria mesmo um grande passo civilizacional.
E já agora mais uma ideia importante expressa hoje por António Costa, a reforma administrativa!
O executivo de AC pretende reduzir fortemente o número de freguesias em Lisboa, promovendo fusões entre freguesias da mesma zona, acabando com as micro-freguesias. Eu como ateu e simpatizante dos ideais maçónicos tenho grande esperança que a freguesia onde moro deixe de se chamar Nossa Senhora de Fátima.
António Costa tem um discurso muito bonito e muito verde, um ecologista nato, desde que viu que isso lhe dava votos para conquistar a câmara de Lisboa. O seu principal inimigo em Lx parece ser "O Automóvel" mas só o é a fazer corridas de metro com Ferraris ou Porsches. Deve ter sido a primeira vez que andou de metro este ano. E é ecologista quando todos os dias vem de carro desde Sintra em vez de vir de comboio.
ResponderEliminarNos últimos anos não houve coragem de tirar espaço aos automóveis, houve coragem na estupidez de entupir o trânsito em Lisboa provocando maiores engarrafamentos, mais pára-arranca, maior gasto de combustível, mais poluição e mais concentrada em alguns pontos de Lisboa.
E do dinheiro que não existia passou a haver alcatrão por todas as ruas de Lisboa, menos mal. Mas traços nos pavimentos quase inexistentes, passadeiras não sinalizadas, obras não sinalizadas. Até mesmo as novas ciclovias estão a ser construídas com duvidosos critérios de segurança e com gastos desnecessários em reasfaltamentos. Trânsito caótico, estacionamentos em passeios e passadeiras (não foi ele que há dois anos disse que ia acabar com isso numa semana? Ah pois, foi só durante uma semana). O horário de alguns autocarros e eléctricos foi diminuído, deve ser para andar a pé, o senhor até zela pela saúde dos lisboetas. Muitos jardins continuam degradados, aspersores que regam o alcatrão ou o passeio em abundância.
Lisboa é hoje uma cidade suja. (é verdade que não é só de hoje mas tem vindo a piorar ao longo dos anos)
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ResponderEliminarO Jardim central da Praça de Londres (eu que sou nacionalista deviam mudar-lhe o nome, espero bem! - isto dito em tom indignadíssimo) foi abandonado até à degradação total. Agora existe um plano de reconversão vinda do gabinete de Sá Fernandes no valor de 400.000€, quando há dois anos essa mesma requalificação custava apenas 139.000€. Curioso. Mas o Costa anda a deixar a casa limpa, ou já a limpou tão bem que já pode esbanjar dinheiro.
ResponderEliminarClaro que o que disse aqui não invalida que outros possam fazer pior ou melhor, mas até agora não vi nenhuma mudança verdadeiramente benéfica para a cidade.
Eu também gosto de andar de bicicleta e acho óptimo que se façam corredores para bicicletas, mas daí a dizer que Lisboa é uma cidade "ciclável" para o dia-a-dia... só se for entre as Avenidas Novas e o Campo Grande. (Um à parte, não referente a António Costa mas, para o José Silva - Já que te incomoda tanto um nome católico para o bairro/freguesia podes dizer que moras nas Avenidas Novas, parece-me que os católicos nunca se preocuparam nem vão preocupar muito com isso. E não, não sou um defensor da Igreja Católica. Mas depois dos nomes de bairros em que existam nomes como Santo, Nossa Senhora, São, etc, podemos passar à eliminação de nomes de ruas como Av. João XXI, depois escolas como Padre António Vieira, depois podemos passar à queima de livros religiosos, e por aí fora, quem sabe acabando numa enorme pira no Terreiro do Paço, acaso nalgum dia volte a ser reaberto, queimando todos os crentes e professores da fé cristã. É muito engraçado como algumas pessoas se acham defensoras da liberdade).
Também acho óptima a estúpida ideia de colocar zonas de estacionamento pago em Campo de Ourique, até mesmo para os moradores que têm sempre imeeenso espaço. Tal como acho óptimo que todos os anos se tenha de pagar uma estúpida identificação de zona de estacionamento que é devida a todos os moradores. E também acho óptimo que a EMEL aproveite o estacionamento até ao limite das passadeiras, apesar de ir contra o código da estrada, mas como é dinheiro a entrar para uma empresa camarária a segurança pode vir em segundo lugar.
Também como se já não bastassem os pilaretes idiotas que proliferam nos passeios, porque a psp ou a polícia camarária ou a emel não fazem o trabalho que deviam, agora nascem pilaretes no meio das avenidas para de repente a estrada ficar mais intransitável.
Não esquecer que os carros da polícia e afins podem parar ou estacionar em qualquer sítio (tal como costumavam dar esse exemplo de civilidade comunitária nas Avenidas Novas, em frente da esquadra da João Crisóstomo, e que agora já não dão porque simplesmente foi mais uma esquadra que fechou) e cometer todo o tipo de infracções ao código da estrada indiscricionadamente, mesmo que não seja em manobra de urgência, porque tudo isso passou a ser automaticamente justificado com a nova revisão do código da estrada, que vem da altura em que António Costa era o ministro responsável pela pasta, medida essa também para justificar o pé pesado dos carros ministeriais...
Uma pequena correcção, justa.
ResponderEliminarMuitas vezes a polícia não cumpre bem o seu papel porque está mal equipada para o poder fazer.
Porque mais vale dar dinheiro a uma empresa camarária como a EMEL que dá prejuízo e ainda subcontrata uma empresa privada para fazer o trabalho que lhe é destinado...
Caro Jorge,
ResponderEliminarNão me incomoda nada morar na Freguesia de Nossa Senhora de Fátima acho mesmo que não há melhor sítio do mundo para morar. Moro junto à igreja de Nossa Senhora de Fátima e gosto muito de acordar com o sino da igreja, até parece que estou numa aldeia. Mas realmente detesto o nome, não por ser católico mas por este nome estar associado à linha mais obscurantista e retrógrada da igreja católica. O mito de Fátima foi inicialmente inventado para combater a primeira república e mais tarde utilizado para unir os católicos contra o perigo comunista- Imaginar que a nossa senhora veio à Terra para anunciar que a Rússia voltaria a ser cristã é duma candura enternecedora.
Uma grande parte das freguesias de Lisboa têm nomes de santos e eu gosto de todos eles, gosto particularmente do nome da freguesia onde nasci:
S. Cristovão e S. Lourenço - até parece uma firma.
Acho que estás muito mal informado relativamente ao António Costa, a começar pelo sítio onde mora. Desde que foi eleito presidente da câmara municipal de Lisboa ele vive em Lisboa (nas Avenidas Novas) com o filho enquanto que mulher que é professora numa escola em Sintra, vive em Sintra com a filha.
Acho muito curioso que digas que o discurso dos transportes públicos e das bicicletas não é sincero mas eleitoralista. É que há muito mais lisboetas a andar de carro do que de bicicleta (tipo 1000 vezes mais), e uma boa parte dos que andam de transportes públicos sonham andam de carro, e não de bicicleta. Ouvir alguém dizer que as pessoas deviam andar de transporte público e não de carro não é das coisas que os portugueses gostam mais de ouvir.
As tuas críticas à política de estacionamento não me parecem fazer qualquer sentido. Críticas uma anuidade de 10 euros para estacionar o carro todo o ano, a mim parece-me ilegítimo entregar cerca 3m2 de espaço público por tão pouco dinheiro. Estacionar à porta de casa não é um direito, nalgumas zonas da cidade é impossível estacionar os carros de todos os residentes na rua sem que estas fiquem totalmente caóticas.
Deverá a câmara construir silos de estacionamento nestas zona e oferecer os lugares aos residentes? Não me parece correcto, se as pessoas querem um lugar de estacionamento devem pagar o seu preço de custo que não é pequeno. Se não puderem pagar que vendam o carro.
Estacionar o carro não é um direito fundamental do cidadão!