sábado, março 31, 2012

Tormenta cerebral...

... foi, parece-me, a primeira tradução que vi para a expressão brainstorm. Tem origem no Brasil e provavelmente nós diríamos tempestade cerebral, com as descargas eléctricas a simbolizarem as trocas químicas nas sinapses de um cérebro activo, prestes a ter uma ideia brilhante. Tormenta, no nosso português, soa um pouco mais doído.

Mas outras expressões me chamaram a atenção no texto da catálogo do Bes Photo relativo à exposição de Rosângela Rennó.

"Fazer cada vez melhor mas sem a intenção de chegar a nenhum lugar, apenas com a intenção de aprimorar e, assim, tornar-se um ser humano melhor."

O sublinhado é meu. Mais à frente a entrevistadora, que salvo erro se chama Verónica Cordeiro, cita as Cidades Invisíveis de Italo Calvino, a fotógrafa cita os livros de Harry Potter, num texto interessante que folheei durante a visita à exposição.

A exposição de Mauro Pinto mostra o interior de habitações muito modestas, de madeira e zinco, mas com uma luz muito bonita. As casas parecem arrumadas e transmitem a mesma dignidade que senti no Bairro da Torre, numa em que eu e o Loïc fomos convidados para jantar. Era o lar de uma rapariga e dos seus três filhos, uma casa semi destruída mas arrumada, com flores artificiais a enfeitar a mesa. Essa recordação fez-me ver de forma mais comovida as imagens do moçambicano.

Com  intervalo de uma semana vejo a segunda exposição feita a partir de fotografias antigas. A semana passada vi a de Carla Cabanas, esta semana a de Duarte Amaral Neto. Na verdade a de Rosangela Renó também o é. E como eu própria também ando a revisitar albuns de família, da minha e de outras, percebo muito bem este interesse por imagens do passado "que despertam uma vontade de desenvolver um enredo a partir delas".

Devo dizer que o meu fascínio por fotografias, minhas e de outros, aumenta cada vez mais. Todas as imagens parecem transportar uma carga que eu não consigo deixar de associar à ficção, à mesma ficção que vemos no cinema, a de uma memória construída pela nossa imaginação.



sexta-feira, março 30, 2012

You Should Date an Illiterate Girl de Charles Warnke

ou porque é que eu gosto tanto da Filipa.

Pode ler-se aqui.

Agora em versão digital...

... o casal mais falado do ano...












* um agradecimento à Inês que me aturou em sua casa até há bocadinho, enquanto eu fazia estas digitalizações.

domingo, março 18, 2012

O Stieg Larsson antecipou-se-nos

Nós, os bloggers do Coimbra é Nossa tínhamos começado a redigir a nossa própria triologia Millenium, que deveria ter sido um sucesso comercial, muito antes da do  Stieg Larsson. A qualidade do enredo é indiscutivelmente superior, as personagens são de uma humanidade comovente. Mas a verdade é que não fomos suficientemente rápidos a terminá-la.

Para quem quiser recordar:

sábado, março 17, 2012

As minhas pontas novas!


Porque é que o filme tem o título que tem?

Não é óbvio que o protagonista sinta vergonha do que faz, apesar de me parecer evidente que quer parar, que o quer substituir por algo que o preencha mais efectivamente. Quer também livrar-se de um vício, está farto de ser seu escravo, e por isso deita para o lixo aquele saco cheio com os objectos da sua dependência.

Há uma situação que se me apresenta como ambígua, quando o protagonista surpreende a irmã em sua casa. Eu passo a cena toda, que me parece muito longa, a tentar perceber se ele está ou não incomodado com a sua nudez, se ele não se mostra incomodado para que o incómodo não substitua a cólera que lhe está a mostrar sentir, e se ela não se cobre com a toalha que o irmão lhe passa porque o quer provocar ou se simplesmente a relação daqueles dois irmãos é desinibida a esse ponto.

Mas e então a cena em que entram os três em casa do protagonista, os irmãos e o chefe dele, e o protagonista se vê na sala do apartamento, obrigado a ouvir o que se passa no quarto. Mais uma vez não parece que o sexo o embarace, deixa-o antes furioso, atira-o para a rua para uma corrida nocturna, mas não é claro o motivo, já que a fúria não é suficiente para que tente impedir o que se passa entre a sua irmã e o seu chefe. Está furioso por ver a sua irmã usada? Por ver que a sua irmã se deixa usar? Porque a sua submissão ao chefe é tal que o impede de agir? 

E que papel está a representar no encontro com a sua colega de trabalho. E qual é a diferença entre a rapariga do metro e a rapariga que o chefe tenta engatar no bar? E porque é que, sendo por vezes tão frio, mostra momentos de tanta fragilidade? E em que e que é diferente do chefe, da irmã, de qualquer um de nós?

quarta-feira, março 14, 2012

Ao ouvir o Illinoise...

 ... surpreendo-me sempre com o quanto gosto de cada uma das músicas, sem excepção.

Hoje, a melancolia das letras pesa-me um bocadinho.

All the glory that the Lord has made
And the complications when I see His face
In the morning in the window

quinta-feira, março 08, 2012

2/7

Quase no final do segundo volume:

"Mas no prazer de segurar longamente as suas mãos entre as minhas se tivesse sido seu vizinho no jogo do anel não me interessava apenas esse mesmo prazer: quantas confissões, quantas declarações silenciadas até então pela timidez, eu podia confiar a certas pressões de mãos; pelo seu lado, como lhe seria fácil a ela, respondendo com outras pressões, mostrar-me que aceitava; que cumplicidade, que começada volúpia!"
Proust, EBTP II

terça-feira, março 06, 2012

Mais um blog!

Outro? Este chama-se Do fundo do baú e tem na descrição:

Do Fundo do Baú é um arquivo fotográfico online, na sua maioria composto por imagens analógicas e de origem portuguesa.
Tem por principal objectivo alimentar o nosso imaginário colectivo, centrando-se na ideia de uma imagética colectiva portuguesa e na cultura popular portuguesa das últimas décadas expressa através da fotografia.
..............................

É mais um projecto do trio maravilha Cláudia, Inês e Ana e espera pelas vossas contribuições (não, não estamos na foto abaixo)!



P.S.
Pedro, reparei agora que o blog tem o título da tua última selecção de músicas. A culpa é da Ana que o baptizou, e que provavelmente nem sequer sabe da sua existência (apesar de ter gramado as anteriores "playlists" no fim de semana em Vendas Novas). Eu não tenho nada a ver com o assunto, só trato de questões técnicas!

domingo, março 04, 2012

Quando o fotógrafo é fotografado


A cidade de Lisboa é absolutamente fascinante, e o Rossio e o Martim Moniz são lugares especiais, em que se misturam turistas com muitas comunidades lisboetas, numa variedade que me surpreende sempre.  É também a presença dos turistas que faz das máquinas fotográficas objectos omnipresentes, mas nem por isso as torna invisíveis. Com um bocadinho de paciência e disponibilidade, não é difícil conquistar a simpatia das pessoas.

Depois de garantir a autorização deste grupo de mulheres para as fotografar, e de uma delas me dar o seu contacto do facebook para que lhe enviasse as fotos, aparece um rapaz que me pede a câmara para que eu me junte ao grupo a ser fotografado. Eu hesito em entregar-lha e ele, perspicaz, resolve a questão de uma forma muito inteligente. Tinha na mão um telemóvel, e como quem diz "segura aí no telemóvel para eu fotografar melhor", passa-me o seu telemóvel dando-me assim uma garantia em troca da minha câmara. Depois de nos fotografar voltamos a trocar os nossos pertences, e eu fiquei com um registo desta tarde fotográfica.

quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Aventura Nocturna 8: eu vi logo que era uma pessoa diferente

Tudo começa no CAM, por volta das 18h30 com o lançamento de um novo livro do fotógrafo Daniel Blaufuks e o encontro com meia dúzia de pessoas conhecidas, um copito de vinho a acompanhar a conversa e o delinear de planos para colaborações futuras. Mas havia propostas a mais curto prazo: assistir ao concerto de lançamento de um disco no Hot Club, às 10h da noite. Aceitei o desafio da Cátia, que me ofereceu jantar em casa dela, mais dois copitos de vinho e outros tantos dedos de conversa.

Fomos a pé para a Praça da Alegria e quando lá chegámos a sala estava cheia e fazia transbordar pessoas até ao pequeno corredor que a antecede. E foi mesmo aí que nos dispusemos a esperar pela nossa oportunidade de entrar. Entretanto já nos tínhamos juntado a um amigo da Cátia que protagonizou uma das cenas de engate mais cómicas a que alguma vez assisti e afugentou umas senhoras italianas que esperavam atrás de nós. Acabou com ele, muito descaradamente, a gritar o número de telefone a uma rapariga que já estava na rua e a repetir-lho em italiano, sendo ela portuguesa. A rapariga prometeu ligar-lhe no dia seguinte, promessa feita também em italiano. Conseguiu, ainda antes de entrarmos, meter-se com a cantora Maria Viana e fazer-nos rir com mais uns quantos disparates.

Depois de entrarmos foi a música a fazer das suas. A Cátia apresentou-me a uma das cantoras e parecia conhecer mais alguns músicos e um rapaz que fazia anos a 29 de Fevereiro, o que é sempre interessante. O ambiente era muito simpático e os meus planos de abandonar o clube a tempo de apanhar o último metro foram rapidamente abandonados. Um dos responsáveis foi um rapaz que tocava harmónica e que me deixou pregada ao chão sempre que eu planeava sair da sala.

Mas lá saímos e o meu plano era ir a pé até à Almirante Reis e aí apanhar o 208, para não ter de pagar um taxi. Na Av. da Liberdade despedi-me da Cátia e do amigo que falava italiano  e desci até ao Rossio, e depois até ao Martim Moniz sempre a cantarolar o My Funny Valentine e Só Danço Samba (vai, vai, vai, vai) que a cantora de belos olhos azuis tinha estado a cantar momentos antes.

Mal começo a subir a Almirante Reis dou logo com uma paragem de autocarro que me informa que o 208 passará dentro de 38 minutos. Decido-me a continuar a andar e a apanhar o autocarro mais acima para não ter de esperar ali parada. Pouco depois um táxi abranda ao passar por mim. Abano a cabeça a informá-lo que não estou interessada e ele arranca, mas muito devagar e pára um pouco mais acima. Começo a pensar que talvez não seja assim tão boa ideia andar por ali a pé. Ultrapasso o táxi que volta a aproximar-se de mim muito devagar. Estou decidida desviar-me da Almirante Reis para impedir que o táxi me pudesse seguir quando vejo que o taxista pára junto de mim, abre a janela e me faz sinal para me aproximar.

Aproximei-me e o senhor oferece-me uma boleia que eu me apresso a recusar. Ele insiste. Não vê que é um perigo andar aqui? Eu vi logo que era uma pessoa diferente. Para onde é que vai? Eu levo-a! Recusei mais algumas vezes mas o senhor parecia tão preocupado comigo que aceitei uma boleia até à Alameda. Depois de entrar no táxi explicou-me que já me tinha visto ao descer a avenida, deu meia volta no Martim Moniz e fez questão de parar para me fazer ver que nem todas as pessoas são mal intencionadas, até porque tinha visto logo que eu era uma pessoa diferente. Eu acabei por aceitar que me trouxesse a casa.

Resumindo: alguns anos depois de um motorista de autocarro me ter ido levar a casa, a Frielas, no próprio autocarro, desviando-se do seu caminho normal e assustando-me ao apagar as luzes do carro porque não ia em serviço, um taxista, às 2h da manhã, dá-me boleia até casa porque acha que é perigoso subir àquela hora, a pé, a Almirante Reis. Eu nunca achei que tivesse ar de donzela em apuros por isso só posso concluir que os motoristas são todos uns corações de manteiga.

terça-feira, fevereiro 14, 2012

Do fundo do baú


 Do fundo do baú

Omar Souleyman, "Atabat"
Austra, "The choke"
Khonnor, "Dusty"
Tim Buckley, "Strange Feelin'"
Scout Niblett, "River of no return"
Laura Arkana, "Huilen"
Stina Nordenstam, "Crime"
Johanna Kunin, "Fireflies"
Terry Callier, "What color is love"
Nicola Conte, "Wanin' moon"
Micatone, "Nomad"


Aqui.

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Aventura Nocturna 7: terror no metropolitano

Acho que não tenho saído muito, uma vez que esta série de aventuras nocturnas não era actualizada há mais de um ano. Na verdade, o post O que parecia a mais fria noite do ano, afinal... até se qualifica como Aventura Nocturna. A de hoje também!

Entrei no metro em S. Sebastião, apanhei o último para não variar, e na carruagem que chegava havia um rapaz a dormir. Eu e um grupo de rapazes indianos (ou paquistaneses, não sei dizer) trocámos uns olhares e finalmente eu decidi-me a levantar-me e tentar acordar o rapaz. O rapaz, apesar dos meus delicados abanões, não acordava, aliás, nem parecia respirar. Desisti mas um dos rapazes indianos resolveu tentar com mais convicção. Eu sentei-me num lugar próximo. Entretanto chega um outro rapaz, português, branco, que substitui o rapaz indiano nas tentativas de acordar o belo adormecido. Este, mais do que convicto, era truculento. Não só conseguiu acordá-lo como começou uma discussão cheia de ameaças a que o belo adormecido respondia muito atordoadamente. Um dos rapazes indianos aconselhou calma e eu viro-me para trás para tentar fazer o mesmo quando vejo que as ameaças já se faziam acompanhar de uma faca.

Levantei-me e dirigi-me ao outro extremo da carruagem, que infelizmente era das pequenas. Sentei-me perto de um outro senhor indiano. Os rapazes indianos que tinham participado na cena também se levantaram e sentaram-se perto de mim, o que me fez sentir segura. Aliás, os sorrisos deles diziam-me que pertencíamos ao mesmo grupo, que nos protegeríamos uns aos outros. Quanto ao rapaz atordoado, não consegui pensar em nada que pudéssemos fazer por ele sem nos arriscarmos a piorar a situação. O alarido no fundo da carruagem continuou mas o rapaz ameaçador acabou por sair, e o rapaz atordoado saiu na estação seguinte.

À medida que chegavam aos seus destinos, os rapazes do meu grupo saíam, sem antes se despedir de mim com um sorriso e um "Tchau, senhora!". Eu retribuí o sorriso e agradeci a companhia.

domingo, fevereiro 05, 2012

O que parecia a noite mais fria do ano, afinal...

... foi a mais quente. Além de um jantar maravilhoso, com uma ementa cheia de coisas como fígado de aves com maçã em vinagre balsâmico, ou picos de matança com figos, cogumelos com castanhas e, claro, muito vinho (foi aqui que tudo começou), a companhia estava animada, tanto por causa da aniversariante (hip hip hooray!) como da visitante estrangeira, a nossa querida Barrrbarrra!

Depois do jantar tivemos a parte desportiva: jogámos um barulhento jogo de basquete numa casa de chá onde éramos os únicos clientes, se ouvia Nick Drake e onde os donos não pareciam especialmente contentes por nos receber. O jogo consistia numa redoma dentro da qual havia um campo com buraquinhos numerados. Nestes buraquinhos havia uma espécie de catapultas, accionadas por uns botões, que faziam a bola saltitar de um sítio para o outro e eventualmente para o cesto. O jogo favorecia um dos lados, o da Marta claro. Descobrimos também que o Jorge gosta de jogar sozinho, fazendo o papel dos dois jogadores, e nem assim consegue ganhar a si próprio!

De Santos para a Bica, novo barzinho para a nossa sessão cultural. Aprendemos, entre outras coisas, o que quer dizer "milf", enquanto se ouvia o álbum da Lana del Rey, agora omnipresente.

Faltava só a sessão de dança que foi muito animada. Há medida que o tempo passava, íamos sendo comprimidos por um número cada vez maior de pessoas e o cansaço começava a pesar. Eu e a Bárbara saímos e deixámos uns ainda animados e enérgicos meninos. E aqui sim começou a noite.

Voltámos para casa calmamente na conversa, no carrito da Barbara. Para os lados de St. Apolónia a polícia mandou-nos parar, soprar no balão, etc, etc. Adivinham o resto. O processo foi lento, a noite estava fria, a multa foi pesada. O carro ficou por lá e voltámos sãs e salvas para casa.

Como disse a Bárbara, é só dinheiro!

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Happy Birthday Mr. Spider Man

Esta manhã garanti felicidade suficiente para o resto do dia. Eu sou uma das pessoas mais lentas na minha turma de natação, mas nada que me preocupe especialmente. Hoje começámos a aula com exercícios de pernas crawl com barbatanas. Começámos todos em filinha, eu num dos últimos lugares, mas rapidamente tive de ultrapassar toda a gente e dei-lhes um valente avanço.

No final da aula estávamos a comentar a aula e o prof. pôs-se a olhar para as minhas pernas, muito desconfiado, e a dizer, tu nas pernas, estás lá na frente. Eheheh! Para alguma coisa serve calçar barbatanas 41/42!

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Estive uma semana sem ver o meu sobrinho, e voltei a vê-lo ontem. Fui buscá-lo a casa dos meus pais, e levá-lo a casa dos dele. Passei com ele o serão nas brincadeiras do costume. Quando disse que tinha de voltar para casa ele desatou a chorar e a atirar-me a sua maldição: "Não quero mais contigo". No meio da gritaria prometi-lhe que hoje voltaria a ir buscá-lo a casa dos avós. Aos poucos foi acreditando na promessa e foi-se acalmando. Quis descer no elevador comigo e despedimo-nos na entrada do prédio.

Hoje voltei a vê-lo. Passámos o serão com os jogos habituais, com muitos abraços e trocas de mimos. Quando disse que tinha de regressar a casa nada de especial se passou. Acredita que esta semana não vai ser como a anterior.

É por estas e por outras que me custa deixar Lisboa.

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Boss AC - Sexta-feira (Emprego Bom Já) - Exclusive

Ai, a conversa...

Já não sei onde, num programa sobre uma cidade algures, havia uma senhora que, para ilustrar como a cidade estava a mudar, lamentava-se dizendo: "Aqui era um café, agora é uma livraria. Nós gostamos de ler, mas gostamos mais de conversar." 

É difícil escolher, mas ter uma bela conversa e ouvir alguém com coisas interessantes para dizer e entusiasmo pelo que diz é das coisas que mais prazer me dá. E esta conversa foi longa, quatro horas, mas a riqueza de referências, todos os universos que se abrem, todos os novos pontos de vista, as idiossincrasias que se revelam, provam à exaustão que vale a pena sair de casa, de frente do computador, para olhar alguém nos olhos.

Ouvir alguém pronunciar o nosso nome também tem uma magia muito especial. De repente somos amigos, somos íntimos, e nem sequer sabemos quando é que isso aconteceu. E com isto vêm as amizades com as pessoas mais improváveis (ultimamente descubro que todos têm formação em História), e são tais que nem percebemos o que temos em comum (talvez um certo tipo de inteligência), mas os laços vão-se reforçando, e a alegria de as rever vai crescendo. 

A partir de agora conto o tempo até ao próximo encontro, e esta espera vai-me distraindo das preocupações mais mundanas, aligeirando o fardo de se ser adulto e ter obrigação de garantir a própria subsistência.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Cogumelos mágicos

Hoje jantei em casa da minha irmã e, melhor do que isso, cozinhei para ela, o Rui e para mim, uma bela massa com tomate, cogumelos e manjericão fresco, tudo comprado no Pingo Doce, convenientemente situado mesmo à saída do metro do Arco do Cego (assim é difícil fazer boicote). Na cozinha fui assistida pelo Henrique, que lavou os cogumelos e as folhas de manjericão e disse ao pai que estava a cozinhar com a ti' Coia.

Tudo isto já é bastante idílico mas o que mais me deliciou foi ver o efeito que os cogumelos tiveram no rapaz. Aqueles seres brancos e redondinhos foram lavados inúmeras vezes e o seu nome pronunciado com muito cuidado, foram postos a conversar uns com os outros e apresentados ao Lalá (o Elmo da rua Sésamo) e ao Pocoyo. Quando fomos para a sala para jantar, o Henrique lembrou, muito preocupado, que os cogumelos (pelo menos os que não tinham sido cozinhados) estavam sozinhos na cozinha. Fui buscar dois e o Henrique disse que "os outros" tinham ficado sozinhos na cozinha. Lá fui buscar os outros quatro que nos fizeram companhia durante o jantar, passearam, atravessaram pontes, caíram em lagos, estiveram dentro da minha camisola a dormir, até que eu os pus a todos dentro da camisola do Henrique. Ele tinha seis cogumelos dentro da camisola e quando nós sugeríamos que ele os tirasse dizia que não, que estavam a jogar à bola. Depois de jantar os cogumelos continuaram a brincar no sofá, no chão, a interagir com outros brinquedos. Para um miúdo que se queixava que as ovelhas da quinta do Ruca não tinham olhos (têm de facto, mas pouco visíveis) não foi difícil aceitar estes seres lisos, redondos e brancos como parceiros de brincadeira. Se a Disney sabe disto é certo que teremos por aí um filme com cogumelos falantes. E todo o merchandising associado.

quarta-feira, janeiro 04, 2012

1/7

Por culpa da Filipa, ou talvez por um fascínio mais antigo, comprei o primeiro volume do "Em Busca do Tempo Perdido" de Proust. Por culpa de Proust li as 50 primeiras páginas sem parar e depois disso não consegui mais do que andar de roda do livro e do autor, sonhar acordada, ver o tempo a passar depressa demais. Também me afligi com as marcas que vão ficando no livro, com a sobrecapa que vai ficando vincada e manchada, com a textura do papel que não é totalmente do meu agrado. Normalmente não tenho este tipo de pruridos com os livros, rasgo-lhes páginas se for necessário, como viu a Filipa, um pouco chocada, mas este é diferente, devia continuar branco e imaculado como quando o comprei, ou mais ainda.

terça-feira, janeiro 03, 2012

Por entre as fotografias da Filipa encontramos coisas como esta:

«Deixemos as mulheres bonitas aos homens sem imaginação.» (Proust, EBTP, VII)

domingo, dezembro 11, 2011

Um método perigoso

Há uma cena no filme que mostra o Jung e o Freud a chegar aos EUA. Ao avistar Manhatan Freud diz: trazemos-lhes a peste.

sábado, dezembro 10, 2011

Pós e contras

Hoje, o senhor que ia sentado ao meu lado no intercidades, provavelmente farto de me ouvir tossir, ofereceu-me "uns pós" para a garganta. Disse-lhe obrigada mas recusei. O senhor era simpático. Se ele tivesse dito umas pastilhas, um xarope talvez aceitasse, mas "uns pós" não me soou nada bem.

Depois foi o almoço de Natal. Foi divertido, éramos 15. O tema de conversa foi, surpreendentemente... comida! Desde sushi a bombons de wasabi, passando pela maneira correcta de fritar batatas (fritam-se duas vezes, em temperaturas diferentes e durante tempos diferentes), até ao "deep-fried stick of butter", ou as "sandwiches" gigantes de Pittsburgh e à questão se de facto existem búfalos em Itália, acho que cobrimos todos os campos. O Fernando picou-me como de costume com as suas bocas a Lisboa, discuti com o Apostolos os filmes que temos visto ultimamente (ele recomenda o Drive), com o Bruce os artigos que temos de escrever (dúzias), a Myrta tentou fotografar com a minha câmara, na qual me tinha esquecido de pôr o cartão de memória, o Rui e eu trocámos experiências no Garageband.

Estava sol em Coimbra, nem sinal de nevoeiro.

domingo, dezembro 04, 2011

Depois de passar uma tarde com o meu pai no hospital, ele conseguiu sair sem saber o que tinha. Não lhe disseram? Não perguntou? Não percebeu?

Às vezes a vida familiar é difícil!

E se fosse possível...

...ver todas as imagens deste blog no mesmo sítio?

sábado, dezembro 03, 2011

Carpe Diem

De volta aos rolos de slides (são caros), a mudar blogs de sítio (por razões de divórcio colectivo), a fugir a correr de encontros infelizes (espero que não me tenha visto), a apreciar sítios insólitos, a gozar o sol da tarde e companhias fugidias. Não deu tempo para a voltinha de bicicleta.


A propósito de divórcios colectivos, hoje duas pessoas disseram-me que tinham gostado muito da exposição de Braço de Prata, que a ideia das cabines tinha sido muito boa (finalmente uma pessoa pode ver uma exposição em paz, sem ser chateado). Sinto sempre surpresa ao ouvir estas coisas e por momentos atingiu-me um sentimento de arrependimento... mas passou depressa.

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Bricolage

O contrato com o meu serviço de televisão e internet acabou ontem supostamente, mas tudo continua a funcionar. Ironicamente até descobri cá por casa um transformador que dá a caixa que descodifica o sinal de televisão, por isso hoje voltei a ter televisão, depois de muito tempo (a TVI está a dar uma espécie de Indiana Jones).

E entretanto tenho um novo guiador na velha bicicleta. Substituí o antigo porque achava que estava torto. Claro que agora não tenho a certeza que o novo também não esteja, mas terá de ficar assim. O mais difícil na substituição foi tirar os punhos, mas agora que está tudo montadinho, é certo que no Sábado vou dar uma voltinha.

Também é certo que, pelo tempo que estou a demorar a escrever este "post", não foi boa ideia ligar a televisão.

terça-feira, novembro 29, 2011

L' inconnue de la Seine


Por uma daquelas estranhas coincidências, um assunto que até há pouco tempo desconhecia, aparece-me diante dos olhos (e neste caso dos ouvidos) duas vezes, através de fontes independentes. É a história de como a máscara funerária  de uma jovem desconhecida, que aparentemente se suicidou atirando-se ao Sena, se tornou popular e um objecto comum nas casas parisienses do Séc. XIX.


A primeira vez que vi (li) uma referência a esta história foi num texto de 1929, de Alfred Döblin que serve de prefácio ao The Face of Our Time de August Sander. A segunda foi hoje, num programa do RadioLab, que conta como esta máscara deu forma à face do boneco usado no treino de reanimação cardio-respiratória. Também esta é uma história de coincidências.

sexta-feira, novembro 25, 2011


(uma sugestão da Inês)

Preto no Branco

Hoje abri finalmente o frasco de tinta da China que o Duan-Cai me ofereceu antes de se ir embora, já lá vai algum tempo. E usei pela primeira vez os pincéis que a Sílvia me trouxe de Macau, já lá vão algumas décadas. A tinta da China, ou esta que eu aqui tenho, tem um preto muito bonito, denso. Os pincéis chineses, estes que eu aqui tenho, são macios e absorvem uma quantidade de tinta considerável, e transmitem-na bem ao papel. A superfície do papel fica brilhante nas zonas onde ficou mais tinta, que se pode também diluir para produzir belos cinzentos. 


quinta-feira, novembro 24, 2011

Um nada puro e branco

Hoje passei por Braço de Prata. É supostamente o mês da fotografia, por lá. A quantidade de exposições é enorme e nenhuma me apelou grandemente. Reparei numa fotografia de um campo de trigo, mas não mais do que isso. Ou talvez uma que repetia uma cruz, que se via por traz de um muro, no desenho que demarca um lugar de estacionamento, e isto porque estive a analisar a composição com o Miguel. E além disso há a feira do livro de fotografia e a mostra de maquetes. Eu contribuo com duas. Já para não falar da nossa exposição, que continua por lá, quase cadáver (o meu livro está descolado). Que excesso! Apareceu por lá um tipo, que interrompeu a conversa que eu estava a ter, para mostrar o seu projecto de fotografia (já tinha mandado um email). Toda a gente quer expor, mostrar o seu trabalho, pelos vistos o flickr não chega, o facebook. Toda a gente quer mostrar o seu trabalho mas está muito pouco receptivo ao trabalho dos outros.

E andamos todos tão ocupados, a fazer telefonemas, a mandar emails, a fazer divulgação. Devíamos todos, ou a grande maioria, deixar de ser tão produtivos. Não é a primeira vez que me apetece passar só a fotografar amigos e família e mostrar as fotografias apenas aos respectivos modelos, ou a quem por eles sinta afecto. A fotografia é algo afectivo, guarda-nos a imagem de alguém que vamos querer recordar. O resto, ou pelo menos assim me parece hoje, são apenas exercícios.

Claro que esta irritação é provocada pela minha própria produtividade, de imagens a sites, blogs, podcasts, tudo de qualidade duvidosa. Tenho de parar de fazer tudo e passar a fazer nada. Um nada puro e branco. Bem, talvez mantenha a natação.

quarta-feira, novembro 23, 2011

Um retrato de Portugal?

O espectáculo da Rita Natálio na Culturgest foi completamente surpreendente. Segundo me contou a Inês é o resultado de uma série de entrevistas a pessoas dos 8 aos 80 anos, construído a partir destas, com três actores fabulosos Cláudio da Silva, Carla Bolito e Nuno Lucas. 

Reflecte-se sobre a ideia de identidade, de comunidade, por vezes é cómico, mas o que fica é de uma humanidade ao mesmo tempo fascinante e comovente. E a Rita é uma rapariga fabulosa (pediu o meu bilhete para menores de 30). Foi uma noite em cheio.


fotografia de Inês Abreu e Silva

terça-feira, novembro 22, 2011

O mundo dos sons

Estou mesmo a acabar! Tenho andado a brincar com programas de edição de som há já umas semanas, e claro que  rapidamente se tornou numa actividade viciante. Estou a editar uma entrevista e o facto de já a ter ouvido inúmeras vezes modifica a forma como a ouço. Já não ouço o conteúdo, antes o ritmo que vou modificando através da edição e da adição de material sonoro. 

A voz humana é extremamente cativante, mesmo que não seja a mais bela voz radiofónica, e os bons programas de rádio costumam absorver-me totalmente. Ultimamente tem sido o Radiolab. A possibilidade de fazer eu própria um destes programas, e a facilidade com que se pode fazer, usando o software disponível, torna o desafio irresistível.

Os bancos de sons são outra coisa maravilhosa. O FreeSound com todas as suas descrições pormenorizadas de sons gravados ou sintetizados.

Neste momento já fiz o upload do ficheiro para o souncloud mas está a demorar a ficar disponível. Sempre são mais de 15 minutos de audio. Agora é escrever o texto complementar e preparar a divulgação da entrevista. A segunda entrevista já está agendada. Espero que seja mais fácil da editar do que esta.

domingo, novembro 20, 2011

Pequenas imagens perdidas no CCB

Há uma exposição com polaroids do Tarkovsky, imagens minúsculas escondidas numa sala comprida, algures no CCB. São imagens da Rússia e de Itália, retratos da família, naturezas mortas. Algumas paisagens russas têm uma névoa muito bela e misteriosa, cores Outonais, as naturezas mortas mostram cores delicadas e os retratos de família são uns mais prosaicos outros profundamente melancólicos.



As imagens são tão pequenas e têm uma tal qualidade gráfica que fiquei a pensar no paciente pintor que as executou e no propósito das suas dimensões reduzidas. Como se tivessem sido pensadas para aqueles medalhões onde as senhoras guardavam retratos de entes queridos, que traziam sempre junto ao seu peito, perto do coração. Mas são fotografias, quase fotogramas de um filme.
A montagem da exposição não ajuda a desfrutar as imagens. Agrupadas por vezes em duas filas horizontais, cada uma das filas ficava respectivamente mais acima ou mais abaixo da posição ideal para as olhar. Algumas fotografias estavam mal montadas nos passpartouts, viam-se o pregos que seguravam as molduras brancas em paredes brancas e outras questões semelhantes. A Inês disse que as imagens eram muito boas mas valia mais vê-las na internet. Não sei, a mim apetecia-me vê-las num livro, ou ampliadas, ou ambas as coisas. É possível vê-las num livro, também é possível vê-las na internet mas hoje o dia estava lindo, e os Domingos são sempre dias bons para passear em Belém, e para a Filipa me apresentar uma amiga que afinal é minha colega da natação. O mundo é pequeno, apesar da Rússia ser um lugar longínquo.

12 horas

Há pessoas que têm o condão de me fascinar, e enquanto estou envolta nos seus vapores mágicos, reparo que fascinam também outras, mas não todas, formando-se assim uma irmandade de encantados. De vez em quando dou-me conta que exerço um fascínio do mesmo tipo em pessoas que me fascinam e isso, além de me surpreender, deixa-me em pânico, sempre a pensar que vou quebrar o feitiço com algum disparate, dito ou feito. Este encantamento, por vezes mútuo, é baseado no desconhecido. É o que não sabemos da pessoa, o que imaginamos, e que tem obviamente de ser perfeito, que nos fascina. A revelação dessa parte oculta tem de ser doseada, feita com delicadeza, por isso as amizades são construídas devagarinho, com gestos cuidadosos.

Passei o dia de hoje a observar estes comércios, a desvendar jogadas, a admirar-me do poder que alguns seres têm de atrair pessoas, umas vezes por razões tão obvias como a beleza, outras por razões difíceis de descortinar mas fáceis de sentir.

"A" fascina-me. Não se bem porquê, não é especialmente bonita, não consigo dizer o que tem de tão interessante. Só arranjo justificação para o meu interesse quando vejo o interesse que ela suscita em B e em C, que eu não conheço e ela despreza. A, pelo contrário, fica nervosa e faladora na presença de D. Isto eu percebo, D também me tira do sério, é muito cativante, bonito, com gestos ternos. Mas ele é demasiado bonito, portanto é demasiado óbvio deixarmo-nos cativar por alguém assim. É o mesmo que dizer que estamos apaixonados por uma estrela de cinema, que valor pode isso ter?

Admiro automaticamente B e C, apesar de não os conhecer, porque se sentem fascinados por A, pertencemos à tal irmandade. E o interesse de A por D, que em parte partilho, também nos aproxima. E o fascínio que A sente por mim lisonjeia-me e surpreende-me. E tudo isto é belo e ridículo ao mesmo tempo, emocionante e comovente, porque nada se joga aqui, não há prémio, é o jogo pelo prazer do jogo, uma peça sem desfecho.

sábado, novembro 12, 2011

Arrumações de Outono

Mas como é que isto chegou a este caos? O objectivo é manter os livros arrumados por ordem alfabética de autor, mas a verdade é que tem sido difícil mantê-los dentro da estante, quanto mais por ordem alfabética.


Arrumar livros é sem dúvida o programa ideal para uma manhã de Sábado, especialmente se for cinzenta como a de hoje. Claro que eu não consigo manter actividades deste tipo durante muito tempo (com se vê, já estou na internet), isto porque se descobrem sempre coisas surpreendentes. Aqui há umas semanas descobri o exemplar que me foi oferecido, comprado em segunda mão na Trama (que entretanto faliu), de "A Montanha Mágica". Estava desaparecido desde que eu tinha voltado de Coimbra, e foi isso que me fez pensar que tinha de arrumar a estante.


A coincidência de eu ter finalmente encontrado "A Montanha Mágica" quando já não a procurava, ainda é mais interessante porque estava a ler um livro que se referia repetidamente a este, assim como ao "Werther" e ao "Banquete" de Platão. O "Banquete" acabei por fazer o download, uma tradução inglesa e outra em português do Brasil, por isso não vai parar à estante.



O livro que faz estas referências, "Fragmentos de um Discurso Amoroso" de Roland Barthes, foi dos que mais prazer me deu ler nos últimos tempos, e quando peguei nele para o enviar para os confins da estante (cada prateleira tem duas filas de livros, e a ordem alfabética atira o livro do Barthes para a fila de trás), fiquei logo com saudades, e preferia tê-lo por perto para lhe passar os olhos pela capa e a mão pelo pêlo. Mas vai para a estante, a bem da arrumação.


Outro livro de que gostei especialmente, e que se intrometeu no meio de outras leituras (como a dos diários da Susan Sontag que a Filipa me emprestou) foi o "Ravelstein" de Saul Bellow.




Mas descobri outras coisas interessantes, como um pequeno livrinho de ilustração, "Geometria Oculta", que, há já muito tempo, me inspirou para fazer umas figurinhas sobre o vinho.




E o livro do August Sander "Face of Our Time" que não me sai da cabeça e me está a ordenar que faça determinado projecto em fotografia, agora que "Our Time" é claramente uma coisa diferente do tempo do Sander.


Mas já estou atrasada e claro que a estante está mais desarrumada do que quando comecei, e agora tenho de sair fazer outra coisas mais urgentes do que arrumar livros por ordem alfabética de autor.

sexta-feira, novembro 11, 2011

velho/novo

Tenho um novo velho computador, para substituir o computador portátil que usava como Desktop. O velho era um senil intel centrino a 1.5GHZ, este é um core duo a 2.2 GHz. É também um portátil, mas este é gigantesco, pesa mais de 3 Kg, e por isso não vai sair da secretária. Tem o Ubuntu instalado mas quando o liguei fui saudada pelo Windows Vista, e tudo aquilo eram janelinhas a informar-me que tinha de actualizar o anti-virus. O mais difícil no processo de instalar o sistema operativo é gravar um CD que não fique currompido e seja lido sem problemas durante o processo de instalação. Digamos que nesse dia, entre os CDs que estraguei a gravar albuns do iTunes com a ordem errada das músicas e os CDs do Ubunto 11.10, devem ter ido meia dúzia de CDs para o lixo.

Agora, tirando o touchpad que não funciona, e os menus do Acrobat Reader nos quais as letras não aparecem, tudo corre melhor do que antes.

quarta-feira, outubro 19, 2011

Let's look at the trailer


"Seven samurai", Fumio Hayasaka (Seven Samurai)
"Dead Birds", RZA (Ghost dog)
"Tommib", Squarepusher, (Lost in translation)
"Tu mira (edit)", Lola y Manuel (Kill Bill)
"Theme", Jon Brion (Eternal sunshine of spotleess mind)
"All is love", Karen O and the kids (Where the wild things are)
"Kaze wo Atsumete", Happy End (Lost in translation)
"There is a ligth that never goes out", The Smiths (500 days of summer)
"Forever Away", John Fusciante (Brown Bunny)
"New slang", The shins (Garden state)
"Opening: the end", The Doors (Apocalipse now)

Aqui.

quinta-feira, setembro 01, 2011

Alma from Rodrigo Blaas on Vimeo.

Amiguinhos... Enviem-me postais

E pronto, falta menos de um mês para a grande inauguração LJM como tangencial da Experimenta Design. A nossa inauguração é a 29 d Setembro na Fábrica de Braço de Prata. Vou fazer uma expecie de instalação com os postais que me enviarem até 20 de Setembro. Enviem para:

HRC
Rua Jorge Barradas, 35 - 6º C
1500-369 Lisboa

E está tão próximo...

quinta-feira, agosto 11, 2011

Pecados mortais: gula

É difícil não admitir que estes últimos dias tiveram uma componente gastronómica importante, o que é o mesmo que dizer que andaram sempre à volta da comida, ao ponto de me parecer que fazer a descrição das refeições acaba por ser um excelente resumo destas férias.

Almoço de terça feira:
Camarões cozidos com uma salada de alfaces, tomate e pepino. Os camarões, regados com umas gotas de limão e com a pontinha molhada num pouquinho de maionese, estavam deliciosos. E a salada era fresquinha, o ideal para um dia que começava a aquecer a sério. O vinho branco é que já não sei qual foi mas o Jorge costuma acertar nestas coisas. Aliás, ele e a Marta fazem uma bela equipa de cozinheiros, e nós os três, uma bela equipa de comensais.

Jantar de terça feira:
Xarém de conquilhas e Xarém de amêijoas. Nunca tinha ouvido falar deste prato que, pelos vistos, é um dos pratos típicos a votação nas sete maravilhas da gastronomia. É uma papa de milho não muito pesada, a que se mistura marisco, muito aromática e saborosa. A noite estava muito quente, sem uma brisa, só refrescada pelo vinho verde e a água fresca que acompanhou a refeição. Para a sobremesa tivemos de dar um pulinho à Gelvi, a gelataria favorita do Jorge, que tem sabores tão originais como D. Rodrigo.

Almoço de quarta feira:
Neste eu não participei, mas, a caminho da praia houve quem comesse umas tostinhas de atum com um aspecto delicioso. Eu guardei-me para a merenda: bolas de Berlim compradas na praia. Não sei há quanto tempo não comia uma bola de Berlim, mas as comidas na praia são as melhores, principalmente quando o mar está tão agitado que nem entrar na água parece muito seguro. Para o fim do dia o mar acalmou e os banhos foram excelentes.

Jantar de quarta feira:
Três robalos e uma dourada para quatro comensais. Este jantar foi tardio. Enquanto o Jorge foi buscar a Margarida fizemos uma deliciosa sangria com vinho branco, morangos, maçãs farinhentas mas deliciosas, e pêssegos apanhados no quintal. Assámos na brasa um pimento vermelho e um verde. Em seguida foram os três robalos para a brasa (foi neste ponto que apareceu o gato). Os pimentos juntaram-se à salada de alface, tomate e pepino. Apesar do atraso do comboio da Margarida, ela chegou e os robalos ainda não estavam assados. Mas lá se assaram, e de seguida uma dourada. Estava tudo delicioso e a conversa animada. O gatito teve também a sua porção e depois da refeição ficou por lá a fazer-nos companhia. Nós prolongámos a conversa com uma sobremesa de sorbet de maracujá. Depois disso bebemos café enquanto devorámos amêndoas caramelizadas. A noite acabou tarde por entre baforadas de narguilé.

Almoço de quinta feira:
Ostras em Cacela Velha. Pedimos amêijoas, ostras grelhadas e ostras "ao natural". A Margarida, que nunca tinha comido ostras, achava que não ía gostar, e antes delas chegarem à mesa tivemos tempo para fazer toda a rábula das ostras cruas a encolherem-se ao sentirem o limão, ou a gritar enquanto eram comidas, ou a agarrarem-se aos nosso lábios para não serem engolidas. Também explorámos todo o campo das disfunções gástricas e intestinais, recordando velhas glórias. Quando as ostras chegaram à mesa o ambiente não era o mais propício mas bastou levar a primeira à boca para ficarmos todos entusiasmados, especialmente a Margarida, que afirmou que depois de comer ostras iría experimentar finalmente pesinhos de coentrada. Não naquela refeição, obviamente. Repetimos as ostras "ao natural" já sem fome mas a saberem-nos tão bem como as primeiras. Mas a refeição não acabou por aqui. Antes do café deliciámo-nos com tarte de figo, tarte de alfarroba e mousse de alfarroba. Eu, que gosto imenso de alfarroba, elegi como favorita a tarte de figo, portanto podem imaginar o quão saborosas estas três sobremesas são. Depois do café deliciámo-nos com as cigarrilhas Cohiba que o Jorge levou.

Esta foi a minha última refeição antes de voltar a Lisboa e acho que não poderia ter acabado melhor mas tenho a certeza que a Marta, o Jorge e a Margarida vão continuar a explorar os sabores algarvios durante mais uns dias. Eu, ao chegar a casa e abrir o meu depauperado frigorífico, reparo que tenho exactamente os ingredientes necessários para fazer um belo gaspacho que, devo dizer, ficou delicioso. Sorte de principiante!

quinta-feira, julho 28, 2011

Um certo acento

Para combinar com a pronuncia da primeira música de "A gosto 2011" vou contar-vos a história de Figgi e Spooky. Não a história toda que não quero entediar-vos, só o que se passou hoje ao fim da tarde, e mesmo assim vou resumir.

Mas para isso preciso dizer que o Figgi é um gato tímido, que em geral não se aproxima de desconhecidos e não se afasta de casa. Já o Spooky é mais destemido e gosta de sociabilizar, mas como mia como se o estivessem a cortar às postas com uma faca romba, mesmo que se perca de vista, pode sempre seguir-se o som dos seus harmoniosos berros. Foi assim que, noutras ocasiões, o fui buscar à garagem do prédio, ou simplesmente às escadas.

Desta vez foi o Figgi que deu o alarme. Andava muito nervoso à minha volta mas como eu tinha mais que fazer, não lhe liguei nenhuma. Quando finalmente lhe dei atenção, talvez uma ou duas horas depois, vi-o correr para a porta que dá acesso à escada do prédio. A porta do apartamento tinha estado aberta o dia todo. Eu apercebo-me imediatamente da falta do Spooky mas, pior do que isso, de um total silêncio.

Dou inicio à busca: sete andares de apartamentos, um andar de arrecadações, dois andares de garagens. E não se ouvia o Spooky em lado nenhum, o que me convencia que ele tinha que estar na rua. Volta ao quarteirão, espreitar debaixo dos carros. Voltar para casa, tocar à porta das vizinhas do meu andar. Nada. Volto a sair e encontro a minha vizinha que costuma acolher os gatos em sua casa. Com ela repeti a busca: sete andares de apartamentos, um andar de arrecadações, dois andares de garagens, volta ao quarteirão. Ela até desceu à estação de metro.

Desistimos e eu comecei a despedir-me daquele gatito amarelo, muito simpático e barulhento, que me ataca os pés todas as manhãs.

Pouco depois a minha vizinha toca-me à porta e entrega-me um papel. Estava afixado à entrada do prédio e dizia: Encontrei um gato no corredor, está em minha casa. E seguia-se um número de telefone. Telefono uma vez, segunda vez e ninguém atende. Deixo mensagem no voice-mail e preparo-me para escrever uma mensagem escrita quando tocam à campainha.

Erra um rapaz, talvez frrancês e bastante jeitoso, com o meu gatito ao colo. Explicou-me onde o encontrrou e que decidiu guarrdá-lo em casa. Agradeci-lhe muito.

quarta-feira, julho 27, 2011

A gosto 2011

"Bonnie and Clyde", Luna
"Abducted", Cults
"Moth's wings", Passion Pit
"Slow", Twin Shadow
"Ceremony", New order
"I dont like this", The Radio Dept.
"To here knows when", My Bloody Valentine
"Can't you see", Women
"Tea ligths", Lower Dens
"Anteroom", Ema
"Go outside", Cults
 

sexta-feira, julho 15, 2011

112

Hoje assisti a um atropelamento, daqueles em que um corpo voa como um boneco, fazendo uma pirueta no ar, e um sapato de solta do corpo atropelado. Pois é, parecia mesmo um filme. Porque uma pessoa não imagina que um corpo humano possa sofrer algo de tão violento, é difícil convencermo-nos que a cena a que assistimos é real. Com toda a gente um pouco confusa, peguei no telemóvel e chamei o 112. Cada toque de chamada que passava sem atenderem deixava-me incrivelmente nervosa e tudo parecia demorar uma eternidade. Quando desliguei o telefone aproximei-me da cena. Um homem estava deitado no chão. Tinha uma T-shirt de um amarelo tão vivo que até aquela cor tinha qualquer coisa de cinematográfico, como se o realizador nos quisesse prender a atenção, quisesse que os nossos olhos não deixassem a vítima. E não deixaram. O homem começa a mexer-se aos poucos, depois levanta-se, e eu à espera da ambulância com a mesma ansiedade com que tinha esperado que atendessem o telefone. O homem está em pé mas tem uma perna inchada. Procura o sapato que se soltou, sempre apoiado ao gradeamento que separa a estrada do passeio. Nota-se que tem dores e eu volto a procurar a ambulância. O homem dá uns passos com dificuldade, volta a perder o sapato, volta a calçá-lo, mas já mostrou intenção de se ir embora. O taxista que o atropelou parece ocupado com outra coisa qualquer e eu aproximo-me do homem e peço-lhe que não vá embora, que está a chegar uma ambulância. O homem é imigrante e faz-me pensar que talvez seja por isso que não quer esperar. Afasta-se rua abaixo, lentamente porque vai a coxear, com aquela T-shirt amarela que se continua a ver à distância.

Discuto com uma amiga se devo ou não voltar a ligar para o 112. Ela diz que sim. Eu não sei o que causará mais confusão mas liguei e disse que a vítima se tinha ido embora e que seria melhor cancelar a ida da ambulância. O taxista, ao ver o homem afastar-se também se apressou a ir embora. De forma bastante agressiva o homem do outro lado do telefone diz-me que um atropelamento com vítimas é crime, que o meu número ficou registado e se alguém der entrada no hospital eu poderei vir a ser "incomodada". Respondo-lhe, muito irritada, que se for incomodada ajudarei no que puder, e digo-lhe que a ambulância chegou e que vou falar com eles. Notou-se a agressividade do outro lado do telefone a diminuir um pouco.

Ao falar com os paramédicos ainda procurei a T-shirt amarela ao longo da rua mas já tinha passado muito tempo. Voltei para casa furiosa com a agressividade do tipo do 112 que tinha falado comigo ao telefone. Ao chegar a casa, e com os nervos um pouco mais calmos, percebi o que tinha acontecido. Pensou que tinha sido eu a atropelar o homem e estava a avisar-me que não me safaria cancelando a ida da ambulância, que conseguiriam identificar-me através do número do telemóvel.

segunda-feira, julho 11, 2011

Há qualquer coisa de desconexo entre a música e o vídeo, mas talvez seja só de mim.

segunda-feira, junho 27, 2011

Ciência e Preconceito

Para perceber como a Ciência e o preconceito andam enredados, leia-se este artigo d'O Público. Repare-se também no número de estrelinhas que o artigo recebeu e leiam-se os comentários debitados pelos leitores para ilustração dos constrangimentos que a Ciência sofre quando mexe com os modelos sociais vigentes.

domingo, junho 26, 2011

A bailarina mais bonita

Laser lens cleaner

Depois de mais umas quantas pesquisas na internet estava já disposta a desmantelar o meu leitor de CDs em busca da lente do laser, para a limpar com um producto adequado. Eu já tinha aberto o aparelho mas não me atrevi a ir muito longe. Aliás ele é muito bonito por dentro, tão arrumadinho e bastante limpinho, sem aqueles montes de cotão que eu costumava encontrar dentro dos meus computadores. Além disso, a última vez que o abri esqueci-me de voltar a pôr dois dos parafusos.,Ainda não me dispus a aparafusá-los porque a confusão de fios que sai do amplificador para vários milhões de destinos, assim como as fichas que chegam à ficha tripla que está por trás do armário, tripla... tripla ao cubo... dificultam a tarefa de extrair o leitor de CDs da sua prateleira.

Bem, isto tudo para dizer que descobri que há uns CDs que fazem a limpeza da famosa lente do laser. Pois, muito simples, fui à FNAC, paguei 6.5 euros, voltei para casa, pus o "laser lens cleaner" no prato dos CD, fi-lo "tocar" duas vezes e dispus-me a comemorar a resolução do problema ouvindo o Fidelio.

E resultou? Melhorou, o número de vezes que o CD salta diminuiu. Pelo menos foi isso que eu pensei no ínicio. Resolvi fazer o teste com o CD do Andrew Bird que já tinha ouvido antes de limpar a lente do CD. Começou muito bem, mas agora já o CD salta com muito mais frequência.

Se não resultar já sei que vou ter de verificar a lubrificação do motor do CD. Também já encontrei uma página que ensina a mudar o laser. Não sei se me atrevo a tanto... envolve ferros de soldar...

Logo se verá.

sexta-feira, junho 03, 2011

Quimera ou arma biológica?

A bactéria que tem deixado boa parte dos alemães borrados de medo, é ao que parece uma estirpe de E.coli, com as seguintes características invulgares: é completamente nova; resultou do cruzamento de duas estirpes conhecidas mas raras; tem características das duas estirpes, sendo por isso apelidada de quimera; esta combinação é altamente agressiva, muito resistente aos antibióticos; ataca com maior intensidade certos grupos da população, pouco afectando outros. Tudo propriedades que se esperariam de uma arma biológica... Será que houve um "pequeno acidente"? Ou será que a arma está em fase de teste?