Resultados de 2005 e 2007 e diferenças
Numa análise fria aos resultados das eleições, e como consequência directa da abstenção, verifica-se que só a extrema direita e a extrema esquerda aumentaram o número absoluto de votos.
Do vencedor PS ficam os seguintes resultados
- Perdeu mais de 17 mil votos;
- Embora ganhando, não chega aos 30 % aumentando em apenas 3 % a votação de Carrilho em 2005.
- A soma do PSD com Carmona (32,44 %) tem mais votos do que o PS sozinho.
Poderá o partido dar-se por satisfeito quando o ex número 2 do Governo, e estrela da companhia, não chega aos 30 %? Na conjectura destas eleições até o Carrilho provavelmente ganharia. A apoteose de final de noite na sede de campanha de António Costa chegou a roçar o ridículo com toda aquela gente que veio da província a encher Lisboa para aplaudir o novo Presidente da Câmara.
Do PSD nem vale a pena falar. Resultados esperados de candidato de recurso.
A CDU (e em particular o PCP) é tida como conseguindo sempre mobilizar o seu eleitorado. Assim era de esperar que ganhasse algo com a abstenção. Não é o caso perdendo mais de treze mil e quinhentos votos e descendo quase dois porcento.
Do Bloco, e da sua imagem de seriedade, esperava-se que, no mínimo, mantivesse a sua percentagem de votos. Tal não veio a acontecer perdendo pouco mais de um porcento mas sendo, apesar de tudo, dos que menos percentagem perdeu.
Do CDS-PP veio o vazio de ideias (goste-se ou não, contrastando muito com M.ª José Nogueira Pinto, anterior candidata do Partido) e o descalabro esperado do Portas e do seu afilhado Telmo (inevitável a ordem dos personagens).
Dos partidos, restam os extremos. Ambos sobem sempre em numero de votos desde 2001: PCTP (2423, 2677, 3122) e PNR (644, 807, 1501).
O resultado dos independentes mostra a insatisfação geral nos partidos. A soma de Carmona e da Helena Roseta chega aos 52 740 votos a que correspondem 26,91 %.
O resultado destas eleições faz-me lembrar um pouco os resultados das legislativas de 1985 onde o partido vencedor, o PSD (1ª eleição de Cavaco), se ficou pelos 29,87 % e um novo partido de então, o PRD (criado com base na imagem do então Presidente da República Ramalho Eanes) atingia 17,92 % dos votos.
Esperam-se comentários enriquecedores!!!
Dados retirados do Site da CNE (os dados vistos em diferentes locais têm diferenças de número de votos pouco significativas).
A ideia de candidaturas independentes de partidos parece agradar a muita gente. Vamos ver que poder vão ter na câmara de Lisboa.
ResponderEliminarA ideia em voga de que os movimentos de independentes substituem os partidos políticos é algo ingénua e, nos casos presentes algo hipócrita (Carmona, e Roseta, sobretudo esta última, acordaram tarde para os movimentos de cidadãos) Que o sentimento de grande parte do eleitorado seja de decepção com os partidos tradicionais compreende-se, porque estes cada vez menos representam o eleitorado e sim interesses particulares ou corporativos.
ResponderEliminarNo entanto, nem todos os partidos são iguais. Mas isto exige esforço por parte dos eleitores, que por vezes têm preguiça, julgam que a democracia consiste apenas em votar de quatro em quatro anos e ponto. O problema dos movimentos de independentes é a dificuldade de manter a sua coesão interna e de fazê-los trabalhar para o mesmo de forma continuada no tempo. O movimento da Roseta, não é, muito provavelmente, como o não terá sido o de Manuel Alegre, um verdadeiro movimento de cidadãos alheio aos partidos. A personagem Roseta e o seu "prestígio" aliada a uma conjuntura política em que grande parte do eleitorado do PS está descontente com o governo terá ajudado em muito o resultado de Roseta.
Tudo isso é verdade mas Helena Roseta, mais do que Carmona, conseguiu envolver pessoas que não estavam associadas à vida partidária, e essas sim envolvidas em movimentos de cidadãos. E talvez essas tragam uma forma diferente de pensar a cidade.
ResponderEliminarCom certeza que não ponho no mesmo saco Carmona e Roseta. Mas mantenho que a Helena Roseta lembrou-se tarde dos movimentos de cidadãos, onde nem sequer é original. Só se lembrou deles por despeito de não ser a escolhida pelo PS para candidata à Câmara! A sua vaidade talvez esteja acima do seu interesse pela cidade.
ResponderEliminarParece-me pouco sério somar os votos de Carmona aos do PSD e não somar os votos de Roseta aos de Costa.
ResponderEliminarSe o PSD estava dividido o PS também estava. Além disso o PS enfrentava o desgate de ser governo. E à partida Carmona parecia ser um candidato menos forte que Roseta.
Acho que houve um grande mérito de António Costa nesta vitória. Ele conseguiu limitar as perdas para a candidatura de Roseta, claro que a falta de ideias desta ajudou-o bastante. Por outro lado acho que foi a fraca campanha de Negrão provocou a fractura ao meio do eleitorado PSD. Felizmente que o PS apostou em Costa (e não em Carrilho por exemplo) caso contrário o candidato da Bragaparque era bem capaz de vencer as eleições.
Assumindo como de direita os votos de Carmona e como de esquerda os de Roseta, o que poderá não ser verdade, poderia ter alguma lógica somar os resultados. No entanto a situação dos dois é bem diferente. Helena Roseta há muito é uma não alinhada dentro do PS e nunca foi candidata por esse partido. A sua candidatura é de corte (não discuto razões) com o PS. Já Carmona foi Ministro PSD e candidato vencedor por este partido. Dentro do contexto presente e do espírito português (Carmona tentou passar a imagem de homem sério injustiçado e conseguiu-todo o Português é um coitadinho injustiçado) é para mim clara a transferência de votos do PSD para Carmona. Já quanto a Helena Roseta, penso que os seus votos podem ter vindo de vários campos: PS (sem dúvida), mas também Bloquistas e até eleitorado mais há direita que se lembra dela como presidenta da Câmara de Cascais pelo PSD. Acho que o PS com António Costa não podia perder mas o seu resultado fica muito aquém das expectativas.
ResponderEliminarClaro que os votos de Roseta vieram de vários campos, assim com os de Carmona. Acho que ninguém pode dizer com certeza de onde vieram os votos.
ResponderEliminarQuanto a ficar aquém das expectativas, depende de quais eram estas. Pediu-se a maior absoluta é verdade, mas parece-me que foi uma mais opção estratégica do que uma expectativa real. Quando as taxas de abstenção são muito elevadas, quem mais perde em termos relativos são os partidos que têm eleitores menos fieis, ou seja o PS e o PSD. É também por isso que eu considero o resultado do PS muito bom. E pela mesma razão considero o resultado do PP absolutamente catastrófico.