domingo, dezembro 31, 2006

Fotografias (II)- Sentir...



Em Maio ou Junho de 2005, e no final de um ano a dar aulas no Algarve, conseguimos finalmente convencer os pais da Cláudia a passarem um Fim de Semana no Algarve. Nesta fotografia vê-se a mãe da Cláudia a experimentar a areia, sentindo a sua textura e, provavelmente, massajando e descontraindo os pés após um dia a andar de um lado para o outro. Gosto da fotografia pela forma como os pés tocam a areia, pela forma como o olhar descobre o tacto dos pés, pela forma como as mãos tensas agarram as calças arregaçadas fugindo de um mar calmo, e como tudo à volta não interessa à personagem neste seu momento privado captado pela indiscreta máquina fotográfica.

sábado, dezembro 30, 2006

Fotografias (I)



Esta fotografia foi tirada durante a visita pascal, na páscoa de 2006, na aldeia onde os meus pais nasceram e cresceram. Foi também a aldeia onde passei todas as férias de Verão e de Páscoa da minha infância. As férias eram em parte entediantes, mas o facto de todos os anos se reunir um número considerável de crianças, e depois jovens da mesma idade, todos vindos da cidade, oferecia muitas possibilidades de convívio.

As férias da Páscoa giravam, em grande parte, em torno dos preparativos para a celebração desse grande evento religioso, festejos que envolviam um almoço com toda a família, que se reunia em casa de uma tia-avó para comer cabrito assado. Antes do almoço fazia-se a visita pascal. O padre da freguesia, rodeado de mais algumas pessoas como acólitos, visitava todas as casas da aldeia, transportando Jesus na cruz, para que todos o pudessem beijar. Nas casas havia sempre uma mesa posta com vinho, alguns enchidos, folar e outros petiscos típicos da altura.

Nesta fotografia vê-se o acólito que transporta a cruz. O que me agrada na fotografia é que também se vê toda a azafama daquele dia. As pessoas têm de ter as suas casas prontas para acolher a visita e têm ao mesmo tempo de preparar a importante refeição que se segue. No meio de tudo isto acabam por passar ao lado do significado religioso da festa e ignorar Cristo e quem o leva de casa em casa, que aqui olha solitariamente para a câmara, como se pairasse invísivel sobre esta agitada aldeia.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Senhores bloggers

Provavelmente já se deram conta que existe uma nova versão do blogspot que se chama blogger. Para mudar para esta nova versão, segundo eles com mais possibilidades de edição, muito boa, lá lá lá, é preciso fazer o login através de uma conta do google. Queria saber se acham que vale a pena, para os que ainda não têm, se estão dispostos a abrir uma nova conta para podermos mudar. Deixem as vossas opiniões.

domingo, dezembro 24, 2006

If you want it

Obrigado, Cláudia.
Bom Natal para todos.

Bom Natal

Bom Natal a todos os bloggers, em especial aos do Coimbra é Nossa. Que passem uma noite de Natal agradável, em família e no meio de amigos, que descansem finalmente do frenesim dos últimos dias, apreciem as prendas e a comida, que mantenham as tradições de que gostarem e quebrem as que não fazem sentido, que criem novas, que esqueçam, por dois dias os males do mundo e tenham esperança, mesmo que a achem infundada, num mundo melhor.

Um beijo especial à Criatura do Eixo do Sentir e ao PedroMS que têm mostrado coisas muito interessantes neste blog e que espero ver em breve ao vivo. Também ao Delírio que em breve vai sair deste continente, que tem sido a minha companhia em Coimbra, garantindo assim a minha sanidade mental, e ao Pedro, dono da bic-laranja. Um beijinho à Jane of Jungle que encontrei, há dois dias por acaso e com quem gostei muito de voltar a falar.

Espero vê-los a todos em breve, ao vivo e a cores, pelo menos foi isso que pedi na minha carta ao Pai Natal.

Feliz Natal!

terça-feira, dezembro 19, 2006

Os cientistas, a linguagem e a política

Surripiei um livro ao Hugo, um livro que tinha começado a ler há bastante tempo e que me chamou da estante quando eu ía a sair de casa para apanhar o comboio para Coimbra. Recomecei a lê-lo e logo no prólogo encontrei umas frases interessantes que agora deixo aqui:

(...) as "verdades" da moderna visão científica do mundo, embora possam ser demonstradas em fórmulas matemáticas e comprovadas pela tecnologia, já não se prestam à expressão normal da fala e do raciocínio. (...) O motivo pelo qual talvez seja prudente duvidar do julgamento político de cientistas enquanto cientistas não é, em primeiro lugar, a sua falta de "carácter" - o facto de não se terem recusado a criar armas atómicas - nem a sua ingenuidade - o facto de não terem compreendido que, uma vez criadas tais armas, eles seriam os últimos a ser consultados quanto ao seu emprego - mas precisamente o facto de habitarem num mundo no qual as palavras perderam o seu poder. E tudo o que os homens fazem, sabem ou experimentam, só tem sentido na medida em que pode ser discutido.


Hannah Arendt
A Condição Humana

domingo, dezembro 17, 2006

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Everything we've done is forgiven / Stupid little shit

São duas respostas a uma mesma pergunta. Podemos escolher uma?
E as duas parecem de mundos tão diferentes...
Mas não será que somos todos bipolares?
Este pequeno filme é do mesmo autor de Youtubers, e está muitíssimo bem montado e é muito interessante. São quase 10 min. e aviso que tem algumas partes cruéis.
Gostava que comentassem, nem que seja com uma só palavra. Talvez o possam fazer na página do autor...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Again about hugs

Foi engraçado ver-me aqui referenciado 2 vezes pela Cláudia. Já não passava por aqui há muito...
Devo dizer que achei muito espirituoso o Aprendiz de feiticeiro e fantástico o coelhinho MAU. Bestial!
Contudo um dos vídeos referênciados, "free hugs" já não existe na ligação que a Cláudia tinha deixado, por isso deixo outra, esperemos que dure:

Atençao

A RTP vai dar o making of d' O Ouro do Reno no teatro de S. Carlos. Para quem viu a ópera e a transformação radical que o teatro sofreu, deve ser interessante assistir ao programa.

Sexta 15 de Dezembro - 23:30 na

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Passeio dos tristes

No último domingo, o frio apertava lá fora mas dentro de casa não estava muito melhor. Como estava bem disposto (o SCP desta vez não perdeu) decidir esticar as pernas e visitar pela primeira vez (e provavelmente não será a última...) a atracção turística da minha freguesia. No cemitério do Alto de São João o silêncio é silencioso. Que saudades do silêncio. Além dos extravagantes mini-mausoléus que forram as ruas interiores do cemitério, uma questão perturbadora agitava os meus neurónios congelados: "Será que vamos para o céu de barco?"

domingo, dezembro 10, 2006

Já chegou

A propósito deste post da Cláudia, li esta notícia no Público de hoje: "Campanha dos abraços gratuitos chegou às ruas de Lisboa"
"Mas isto reverte para alguma coisa?", pergunta um homem que passa na Baixa de Lisboa, antes de se deixar envolver pelos braços de uma jovem que segura um cartaz improvisado onde se lê: "Abraços grátis". Foi dos poucos que não se desviaram do grupo disperso de cerca de 20 pessoas que ontem circulou pelas ruas da capital oferecendo abraços, sem contrapartidas.

Short story


















terça-feira, dezembro 05, 2006

Génio ou fraude?

Quem pagou o bilhete para assistir ao concerto de ontem de Charlyn “Chan” Marshall aka Cat Power e não sabia ao que ía deve ter ficado pasmado com o que viu. A primeira surpresa foi a troca da banda que a tem acompanhado “The Dirty Blues Band” por um combo de 4 cromos do rock da América profunda. Talvez aí esteja o primeiro erro de casting. Cat Power é voz e guitarra ou piano. Os extras só atrapalham e beneficiam a preguiça e a distracção de Cat Power. Mas já lá vamos...
A sala estava esgotada. Cat entra em cena com um copo na mão e com uma estranha coreografia “infantil” que perdurou durante o concerto. Uma franjinhas tonta, bela e “esfarrapada” (quem estava nas primeiras filas assegurou ter visto um fio dental rosa); uma indie à maneira. Quem ouviu as histórias de abuso e dependência de álcool ficou logo desconfiado. Aquele copo felizmente não mais foi usado, mas… a primeira música não chegou ao fim… “The greatest” ficou encurtado depois de um “that’s it”. Palmas!?. Soube-se mais tarde que Cat não gostou do som que vinha do seu micro e por isso…
Depois de uma série de blues bem balançados, pede desculpa ao público pelo último concerto que deu em Portugal: “I was completely fucked up”. Medo, muito medo…Entretanto as músicas aparentemente inacabadas ou terminadas de uma forma não convencional, baralhava a audiência. “Será que já acabou? Mas ela virou as costas ao público?” Um caos. Os fanáticos não se preocuparam...
Foi então que chegou o momento em que se revela o génio de Cat e também as suas fragilidades. Sai a banda de palco. Silêncio. Cat e o piano: é de arrepiar. Este portento da natureza passa sem “parar” entre músicas até que, de repente, a letra perde-se no ar, murmúrios e notas do teclado ecoam sem nexo. Estará possuída pelo demónio? De repente levanta-se e diz que o público está a tossir e que isso é sinal de que não está a gostar...”No!”, grita alguém desesperado na audiência! O clímax não foi atingido. Que grande empatas! Cat pega na guitarra e volta ao seu ritmo lânguido, apaixonado e grandioso. No entanto o estrago já estava feito. O momento perdeu-se. A banda volta ao palco e com ela mais uns blues. Não houve encores mas o público despediu-se com uma grande ovação. Alguém atrás de mim comentava:”Que falta de nível”.
É pena que tanto talento esteja a ser desperdiçado por senhora completamente “fucked up” dos cornos.
Ler: crónica da Ana Baptista sobre o concerto.
Ouvir: UM concerto em Washington, D.C 2006.

Crash - Paul Haggis


Hoje vou finalmente ver este filme que me tem escapado sucessivamente.

Segundo a página do TAGV:
Drama urbano que gira à volta das encruzilhadas da vida de um conjunto de personagens multi-étnico numa luta para dominar os seus medos, no anonimato impessoal da cidade de Los Angeles...
Ousado e polémico, “Crash” lança um olhar provocador e inflexível às complexidades da tolerância racial na América contemporânea.
"Nesta cidade não nos tocamos, mas passamos a vida a chocar uns com os outros".

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Vallibierna



Mais um filmezinho dos Pirinéus, com má resolução e uns meses de atraso. Espero que gostem.

Se quiserem (re)ver o outro filmezinho ele está aqui.

sábado, dezembro 02, 2006

Nota

Contador de visitas no final das barras laterais.

Dança

Foto: Ulli Weiss


Nas vésperas de assistir a um espetáculo de dança no Teatro Municipal S. Luis (Companhia Rosas, Mozart - Concert Arias, Un Moto di Gioia), lembrei-me de dois espetáculos, também neste teatro, a que assisti (assistimos) antes da existência deste blog, "Céu e Terra" e "Cravos" de Pina Bausch. Foram dia 1 e 7 de Outubro, segundo RC que está aqui ao meu lado e subrepticiamente tirou umas fotografias com o telemóvel, que incluíu no seu Sem Barulho.

Eu, na altura, de Pina Bausch conhecia o nome, e talvez umas imagens num filme do Almodovar. Esses espetáculos foram uma revelação, mostraram-me um tipo de dança completamente nova, e que no entanto já existe há muito tempo (a coreografia Cravos é, se não me engano, de 1982).

O primeiro espatáculo a que assistimos recebe-nos logo com um cenário lindo, com o chão forrado de cravos, muito bonitos, rosa e brancos. Estas flores vão sendo espezinhadas ao longo do espetáculo reflectindo o percurso da coreografia. O primeiro espetáculo marcou-me mais do que o segundo, provavelmente pela surpresa, mas lembro-me de ter gostado muito de ambos. Ficam aqui duas fotografias para relembrar.


Foto: Johen Viehoff

O estrelato era inevitavel

A entrada de RC sobre o LUME foi "publicada" no blog do TAGV".