quarta-feira, outubro 22, 2008

Estrelas da companhia

O projecto Um Ponto Exacto para Ver de Hugo Rodrigues Cunha venceu a 6ª edição do prémio Novos Talentos Fnac Fotografia. Isto é o que diz o blog Arte Photographica. Já adivinharam que é?



O que disse o juri:

“Um Ponto Exacto Para Ver mostra-nos como a seriação cartográfica através da fotografia pode abandonar a sua condição primeira de documento utilitário e vago de carga simbólica para um objecto estético carregado de referentes que questiona e pensa a maneira como hoje nos relacionamos com uma ideia de espaço em sucessivas aproximações, em novas perspectivas, cada vez mais visível e disponível em todo o tipo de suportes digitais.

A linguagem de registo geotopográfico encontrou na fotografia um dos seus mais poderosos aliados. Ao servir-se dela como suporte não satisfez apenas uma necessidade de representação realística e descritiva - criou, por si, obras de relevância conceptual e poética únicas e forneceu massa criativa a uma grande diversidade de autores ao longo da história da imagem fotográfica. Hoje, representa um dos mais intensos programas de produção artística ligados à fotografia contemporânea.

O trabalho de Hugo Rodrigues Cunha é herdeiro dessa corrente que usa diferentes abordagens da espacialidade à procura de significados travestidos, ocultos, que tentam aproximar-se de uma organização do real, de uma certa ordem do olhar.

Partindo de um visão bidimensional de imagens satélite disponibilizadas pelo programa informático Google Earth, a partir da qual é possível ver boa parte da superfície terrestre, Um Ponto Exacto Para Ver convoca-nos para uma experiência ao mesmo tempo documental e contemplativa, onde, para além do exercício de encontrar as diferenças e as semelhanças num e noutro registo, ganham importância, numa ordem estética, as cargas histórica, social, política, económica e ecológica transportadas pela imagem fotográfica tridimensional.Este último modo de ver dá-nos o "conforto" da verticalidade em relação ao chão e, em muitos casos, a largueza em perspectiva. Mas é só uma liberdade aparente porque, ao mesmo tempo, está lá a visão cega em profundidade, minuciosa em localização e contexto, onde vemos o aguilhão do pionés que nos manieta e orienta o olhar, que nos sublinha a imobilidade fotográfica através de uma longitude e uma latitude.

É uma dualidade visualmente atraente que nos leva a seguir a configuração, recorte e organização do rio Tejo na margem lisboeta, muito perto da desembocadura no mar. À medida que o olhar segue do ponto exacto de onde se vê pela linha do horizonte para onde somos impelidos a ver revela-se uma margem ribeirinha que continua inacessível e em desalinho.

Para lá da emoção que nos provoca a diferença das escalas fornecida pela bidimensionalidade da imagem pública do Google Earth,
Um Ponto Exacto Para Ver incentiva-nos a rever as referências que guardamos de um espaço e a pôr em causa de forma crítica as imagens que temos dele.”


PARABÉNS!!!!!

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Muitos Parabéns! Este prémio parece-me ser de grande prestigio. Muito bem! Melhor que isto só um LCD de 500 polegadas.

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  3. Parabéns Hugo!!!
    Quando é a cerimónia de entrega? :)

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  4. Parabéns!!!

    Temos de combinar Um Ponto Exacto Para Comemorar, concordam?

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