quinta-feira, agosto 11, 2011

Pecados mortais: gula

É difícil não admitir que estes últimos dias tiveram uma componente gastronómica importante, o que é o mesmo que dizer que andaram sempre à volta da comida, ao ponto de me parecer que fazer a descrição das refeições acaba por ser um excelente resumo destas férias.

Almoço de terça feira:
Camarões cozidos com uma salada de alfaces, tomate e pepino. Os camarões, regados com umas gotas de limão e com a pontinha molhada num pouquinho de maionese, estavam deliciosos. E a salada era fresquinha, o ideal para um dia que começava a aquecer a sério. O vinho branco é que já não sei qual foi mas o Jorge costuma acertar nestas coisas. Aliás, ele e a Marta fazem uma bela equipa de cozinheiros, e nós os três, uma bela equipa de comensais.

Jantar de terça feira:
Xarém de conquilhas e Xarém de amêijoas. Nunca tinha ouvido falar deste prato que, pelos vistos, é um dos pratos típicos a votação nas sete maravilhas da gastronomia. É uma papa de milho não muito pesada, a que se mistura marisco, muito aromática e saborosa. A noite estava muito quente, sem uma brisa, só refrescada pelo vinho verde e a água fresca que acompanhou a refeição. Para a sobremesa tivemos de dar um pulinho à Gelvi, a gelataria favorita do Jorge, que tem sabores tão originais como D. Rodrigo.

Almoço de quarta feira:
Neste eu não participei, mas, a caminho da praia houve quem comesse umas tostinhas de atum com um aspecto delicioso. Eu guardei-me para a merenda: bolas de Berlim compradas na praia. Não sei há quanto tempo não comia uma bola de Berlim, mas as comidas na praia são as melhores, principalmente quando o mar está tão agitado que nem entrar na água parece muito seguro. Para o fim do dia o mar acalmou e os banhos foram excelentes.

Jantar de quarta feira:
Três robalos e uma dourada para quatro comensais. Este jantar foi tardio. Enquanto o Jorge foi buscar a Margarida fizemos uma deliciosa sangria com vinho branco, morangos, maçãs farinhentas mas deliciosas, e pêssegos apanhados no quintal. Assámos na brasa um pimento vermelho e um verde. Em seguida foram os três robalos para a brasa (foi neste ponto que apareceu o gato). Os pimentos juntaram-se à salada de alface, tomate e pepino. Apesar do atraso do comboio da Margarida, ela chegou e os robalos ainda não estavam assados. Mas lá se assaram, e de seguida uma dourada. Estava tudo delicioso e a conversa animada. O gatito teve também a sua porção e depois da refeição ficou por lá a fazer-nos companhia. Nós prolongámos a conversa com uma sobremesa de sorbet de maracujá. Depois disso bebemos café enquanto devorámos amêndoas caramelizadas. A noite acabou tarde por entre baforadas de narguilé.

Almoço de quinta feira:
Ostras em Cacela Velha. Pedimos amêijoas, ostras grelhadas e ostras "ao natural". A Margarida, que nunca tinha comido ostras, achava que não ía gostar, e antes delas chegarem à mesa tivemos tempo para fazer toda a rábula das ostras cruas a encolherem-se ao sentirem o limão, ou a gritar enquanto eram comidas, ou a agarrarem-se aos nosso lábios para não serem engolidas. Também explorámos todo o campo das disfunções gástricas e intestinais, recordando velhas glórias. Quando as ostras chegaram à mesa o ambiente não era o mais propício mas bastou levar a primeira à boca para ficarmos todos entusiasmados, especialmente a Margarida, que afirmou que depois de comer ostras iría experimentar finalmente pesinhos de coentrada. Não naquela refeição, obviamente. Repetimos as ostras "ao natural" já sem fome mas a saberem-nos tão bem como as primeiras. Mas a refeição não acabou por aqui. Antes do café deliciámo-nos com tarte de figo, tarte de alfarroba e mousse de alfarroba. Eu, que gosto imenso de alfarroba, elegi como favorita a tarte de figo, portanto podem imaginar o quão saborosas estas três sobremesas são. Depois do café deliciámo-nos com as cigarrilhas Cohiba que o Jorge levou.

Esta foi a minha última refeição antes de voltar a Lisboa e acho que não poderia ter acabado melhor mas tenho a certeza que a Marta, o Jorge e a Margarida vão continuar a explorar os sabores algarvios durante mais uns dias. Eu, ao chegar a casa e abrir o meu depauperado frigorífico, reparo que tenho exactamente os ingredientes necessários para fazer um belo gaspacho que, devo dizer, ficou delicioso. Sorte de principiante!

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