Estou no hotel Sheraton do aeroporto de Bolonha. Desde ontem que devia estar em Lisboa mas ainda estou em Bolonha. A TAP não me quer transportar, nem a mim nem a alguns milhares de passageiros, já que tem voos cancelados por toda a Europa, Brasil incluído (atenção, piada! - é melhor avisar os mais desprevenidos)!
Estou verdadeiramente admirada com a minha serenidade. Sou um poço de civilidade e calma. Mas começo a achar que me comporto assim porque para mim isto já são férias. Quando cheguei ao Sheraton, depois de algumas horas na fila da bilheteira, onde já tinha estado ontem, a minha preocupação foi saber se tinha internet e se havia um ginásio ou uma piscina onde passar o tempo que restava. Nem a barata que escapou do meu quarto mal eu abri a porta me perturbou. Também consegui manter a calma durante o processo de recuperação tufo de cabelo que o secador de cabelo engoliu furiosamente. Na recepção disseram-me que havia um club muito perto do hotel, que fica mesmo ao pé do aeroporto e não na cidade. Muni-me do meu fato de banho e duma toalha do Sheraton e saí em busca do tal club. Dei por mim a percorrer a vedação do aeroporto, a ver os aviões descolar, o que é sempre bonito, e a ler uma tabuleta que dizia Tenis Club Aeroporto Bologna. Que bonito que era o club, até dava para esquecer o cheiro a escape de avião: muitas árvores, campos de beach voley, beach tennis, beach tudo com pessoas em biquini a jogar beach volley, beach tennis e outros beach qualquer coisa e uma piscina onde, para entrar depois das três deveria pagar 5 euros. Tinha 4 euros e 50 e chegou, deixaram-me entrar porque de qualquer forma fechariam daí a uma hora.
Dei uma braçadas ao sol ainda forte das 6h da tarde. Não havia muita gente na zona da piscina, e dentro ainda menos. A certa altura chega um grupo de raparigas todas bastante bonitas e entram na piscina. Eu começo a pensar que aquilo parecia um filme dos anos oitenta, passado algures na California, talvez um telefilme tipo Miami Vice. Lá percebo que elas se juntaram para um aula de hidroginástica. um rapaz que molengava na piscina juntou-se a elas todo contente e eu segui-lhe o exemplo. Durante cerca de meia hora pulamos, corremos e demos ponta-pés dentro de água. Foi uma forma inesperadamente divertida de passar o fim de tarde, principalmente quando pensava estar absolutamente isolada neste hotel no meio do nada.
Mas o mais belo deste dia foi que comprei um livro na livraria do aeroporto que andava a namorar já há algum tempo mas que não encontrava nem na biblioteca nem na Feltrineli de Modena: Danubio de Claudio Magris. Fala sobre viagens e por isso não podia calhar melhor.
Amanhã o voo é às seis da manhã, o que quer dizer que provavelmente não vou poder tomar pequeno almoço neste hotel fabuloso. Depois espero 3 hora e meia em Munique (que os italianos dizem Monaco, o que me confundiu por momentos) pela ligação para Lisboa, tudo com a Luftansa, que na TAP já ninguém se fia. Espero estar em Lisboa amanhã.
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