domingo, janeiro 13, 2008

O Cosimo da Kat

Eu é mais cães. O gatos não respeitam nem defendem os donos e a sua propriedade. Cospem bolas de pelo, são egoístas e interesseiros. Devido e apesar disso, são bem mais inteligentes que os cães e capazes de um elevado nível de abstracção de concentração. Prova inequivoca é esta foto do Cosimo enquanto estudava para os exames...


(Catarina M.)

5 comentários:

  1. TEORIA DA COMPOSIÇÃO:

    ...a pequena gata (1)

    A pequena gata fitava cada um dos meus gesto
    com os olhos muito atentos tentando entender,
    absolutamente parada, a cabeça tensa,
    as orelhas espetadas como se pudesse ouvir
    cada palavra que eu escrevia
    no papel; que coisa veria
    ela, que sentido a prenderia?
    Os gatos mais velhos e os homens mais novos
    não se interessam por coisas tão fúteis.

    ...a pequena gata (2)

    A pequena gata fitava cada um dos meus gestos
    com atentos olhos tentando entender
    absolutamente parada, a cabeça tensa,
    as orelhas espetadas como se pudesse ouvir
    as palavras que eu escrevia
    observando o modo como ela seguia
    cada um dos meus gestos.
    Os gatos mais velhos não se interessam
    por coisas tão fúteis, olham através delas,
    os olhos dissolvendo-se em lugares lúcidos
    e exteriores onde nem os gatos alcançam.

    ...a pequena gata (3)

    Olhos atentos tentando entender,
    absolutamente parada, a cabeça tensa,
    as orelhas espetadas como se pudesse ouvir
    as palavras que eu ia escrevendo,
    a pequena gata seguia cada um dos meus gestos
    como se fossem incertos insectos
    correndo inquietos sobre o papel.
    Os gatos velhos e os homens jovens
    não se interessam por coisas fúteis como
    palavras escrevendo e gatos atentos,
    têm pouco tempo, sobretudo por dentro.

    Manuel António Pina

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  2. O Segundo Gato

    Em cada gato há outro gato
    um pouco menos exacto
    e um pouco menos opaco.

    Um gato incoincidente
    com o gato, iridiscente,
    caminhando à sua frente

    ou a seu lado
    espírito alado
    do que é terrestre no gato.

    É o segundo gato
    que permanece acordado
    com o gato afundado

    em sono abstracto,
    aos seus pés enrolado,
    espécie de gato do gato

    Ou que, mais tardo,
    deambula pela sala
    enquanto o gato se lava,

    às vezes assomando
    nos olhos do gato
    como um passado imóvel e

    enclausurado.
    O próprio gato
    não sabe

    que anda por ali
    algo que não cabe
    dentro nem fora de si.

    Manuel António Pina
    Os Livros, Assirio & Alvim

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  3. VENEZA AOS GATOS

    Lisboa às moscas e Veneza aos gatos...
    (os pombos da bondade só conspurcam
    a praça de S. Marcos)
    ...ao gato perna alta que não vem quando o chamas,
    ao contrário da patrícia mosca
    que não era para aqui chamada,
    mas logo te soprou os últimos zunzuns
    mal chegaste a Lisboa

    O gato de Veneza não te dá pretextos
    para miares o que te vai na alma,
    nem os sacros temores da miaulesca
    esfinge rilkeana.
    Não é um gato é um perfil de gato
    Tapando a saída da calleta.

    O gato veneziano é um gato sem regaços
    e sem selvajaria.
    De Veneza o gato é sempre muitos gatos
    que vão à sua vida...

    ...como tu, afinal, não vais à tua.

    (De Veneza a Lisboa, num zunido,
    já trazias a mosca no ouvido...)



    Alexandre O’ Neill
    Feira Cabisbaixa

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  4. Poema do gato

    Quem há-de abrir a porta ao gato
    quando eu morrer?

    Sempre que pode
    foge prá rua,
    cheira o passeio
    e volta pra trás,
    mas ao defrontar-se com a porta fechada
    (pobre do gato!)
    mia com raiva
    desesperada.
    Deixo-o sofrer
    que o sofrimento tem sua paga,
    e ele bem sabe.

    Quando abro a porta corre pra mim
    como acorre a mulher aos braços do amante.
    Pego-lhe ao colo e acaricio-o
    num gesto lento,
    vagarosamente,
    do alto da cabeça até ao fim da cauda.
    Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
    olhos semi-cerrados, em êxtase,
    ronronando.

    Repito a festa,
    vagarosamente.
    do alto da cabeça até ao fim da cauda.
    Ele aperta as maxilas,
    cerra os olhos,
    abre as narinas.
    e rosna.
    Rosna, deliquescente,
    abraça-me
    e adormece.

    Eu não tenho gato, mas se o tivesse
    quem lhe abriria a porta quando eu morresse?

    António Gedeão

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  5. Histórias de gatos... Uns melhores alunos, outros piores, a maioria só gatos.

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