Ontem tive um serão televisivo. Estive na faculdade até bastante tarde e quando cheguei a casa aceitei o convite à alienação que vinha da parede em frente ao sofá. Assisti ao Por Outro Lado, o programa da Ana Sousa Dias, e depois continuei por aí fora, ou pela noite dentro.
No programa da Ana Sousa Dias o convidado foi o João Paulo Feliciano, o artista que tem exposto na Cultugest THE POSSIBILITY OF EVERYTHING. Vi esta exposição com o Zé e já falei dela numa entrada de 30 de Outubro. Gostei de poder associar uma cara, uma personalidade, à exposição. Saber que o João Paulo Feliciano fez parte da equipa que desenvolveu o Aquamatrix, aquele espetáculo da EXPO98 que fechava todas as noites a exposição, complementa a imagem do artista da Culturgest.
A conversa passou por muitos assuntos, o percurso do artista, etc. Um dos que achei interessante foi sobre como se lida, como se vendem, transportam e montam obras de arte constituidas por linhas de pó de talco e cordas de guitarra espalhadas no chão, ou discos de vinil partidos contra uma parede.
Falou-se também sobre algumas das peças da Culturgest, por exemplo Crash Music, a peça dos 50 discos de vinil partidos contra a parede. Quando vi a exposição imaginei o prazer que ele deve ter sentido a partir aqueles discos. Na parede oposta está um texto que ajuda, não a compreender, mas a intensificar o efeito daquela peça. Na altura achei que uma obra de arte não devia precisar de um texto de alguma froma explicativo. Ontem, no programa achei que o artista teria uma ideia semelhante. Disse que o texto não fazia parte da peça, ou que esta o dispensava. João Paulo Feliciano falou também de um conjunto de boiões com fitas de cassetes lá dentro, gravadas por amigos com as suas músicas preferidas, que ele nunca ouviu e guardou simplesmente para future taste. Depois destes comentários revejo a exposição com outros olhos e gostava de passar lá mais uma tarde, deitada a ouvir música naquela obra de arte que deita auscultadores do tecto.
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