terça-feira, dezembro 19, 2006

Os cientistas, a linguagem e a política

Surripiei um livro ao Hugo, um livro que tinha começado a ler há bastante tempo e que me chamou da estante quando eu ía a sair de casa para apanhar o comboio para Coimbra. Recomecei a lê-lo e logo no prólogo encontrei umas frases interessantes que agora deixo aqui:

(...) as "verdades" da moderna visão científica do mundo, embora possam ser demonstradas em fórmulas matemáticas e comprovadas pela tecnologia, já não se prestam à expressão normal da fala e do raciocínio. (...) O motivo pelo qual talvez seja prudente duvidar do julgamento político de cientistas enquanto cientistas não é, em primeiro lugar, a sua falta de "carácter" - o facto de não se terem recusado a criar armas atómicas - nem a sua ingenuidade - o facto de não terem compreendido que, uma vez criadas tais armas, eles seriam os últimos a ser consultados quanto ao seu emprego - mas precisamente o facto de habitarem num mundo no qual as palavras perderam o seu poder. E tudo o que os homens fazem, sabem ou experimentam, só tem sentido na medida em que pode ser discutido.


Hannah Arendt
A Condição Humana

Sem comentários:

Enviar um comentário