Estavamos sentados num do cafés da Gare do Oriente, perto da varanda que dá para a rua entre a gare e o centro comercial. Estava escuro e fazia frio. Eu tinha fome e queria ir para casa. Só conseguia pensar que no bolso do detective estava um saquinho com três dedos.
- Que pensas tu disto?
- Eu? Nada! Não tenho a mínima ideia.
- Achas que os dedos foram cortados no comboio? Que o dono dos dedos está morto?
- Se não está morto está com dores!
- É um homem ou uma mulher?
Tentei recordar-me e senti uma volta no estômago. Os dedos estavam ensanguentados, as unhas escuras de sangue mas pareciam dedos delicados, finos. Pareciam definitivamente femininos. O detective acenava-me com um saquinho com anéis.
- Estavam dentro do saco. São três, o mesmo número dos dedos cortados.
- Será que alguém cortou os dedos para tirar os anéis?
- Ao contrário do ditado...
Fui buscar mais um café e enchi-o de açucar. Mas o excesso de açucar também me agoniava. Ao virar a cara para apanhar o ar que vinha da rua vi, lá em baixo no passeio, uma raparida que cambaleava e que acabou por desmaiar. Aproximou-se um casal para a ajudar e ao baixar-se, a senhora gritou assustada. Desci a correr para saber o que se passava.
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