...a pequena gata (1)
A pequena gata fitava cada um dos meus gesto
com os olhos muito atentos tentando entender,
absolutamente parada, a cabeça tensa,
as orelhas espetadas como se pudesse ouvir
cada palavra que eu escrevia
no papel; que coisa veria
ela, que sentido a prenderia?
Os gatos mais velhos e os homens mais novos
não se interessam por coisas tão fúteis.
...a pequena gata (2)
A pequena gata fitava cada um dos meus gestos
com atentos olhos tentando entender
absolutamente parada, a cabeça tensa,
as orelhas espetadas como se pudesse ouvir
as palavras que eu escrevia
observando o modo como ela seguia
cada um dos meus gestos.
Os gatos mais velhos não se interessam
por coisas tão fúteis, olham através delas,
os olhos dissolvendo-se em lugares lúcidos
e exteriores onde nem os gatos alcançam.
...a pequena gata (3)
Olhos atentos tentando entender,
absolutamente parada, a cabeça tensa,
as orelhas espetadas como se pudesse ouvir
as palavras que eu ia escrevendo,
a pequena gata seguia cada um dos meus gestos
como se fossem incertos insectos
correndo inquietos sobre o papel.
Os gatos velhos e os homens jovens
não se interessam por coisas fúteis como
palavras escrevendo e gatos atentos,
têm pouco tempo, sobretudo por dentro.
Manuel António Pina
Afinal basta um desafio para ver a Cláudia voltar em força à nossa Coimbra.
ResponderEliminarPoesia de fim de manhã:
ResponderEliminarQuanto menos testes
há para corrigir,
menor a vontade.
Força, já falta pouco!
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