O grito era rouco, abafado, e vinha directamente da casa de banho. Pensei se alguma ratazana teria mordido o rabo daquela passageira mas não me parecia provável. Alguém que esperava a sua vez para urinar ou algo mais bateu na porta: "Está bem?"... Apenas o silêncio lhe respondeu. Começámos a ficar agitados; toda aquela gente desconhecida naquela carruagem tinha agora algo em comum por que lutar. O que se passara na casa de banho que fizera uma desconhecida gritar e agora a mantinha completamente em silêncio? Alguém acabava de chegar com o revisor que tinha já a chave na mão. A metade de nós mais corajosa, ou menos tímida, juntou-se na porta do WC, a outra metade olhava ansiosa para a parte da porta que ainda conseguiam vislumbrar por de trás das cabeças dos outros.
A chave entrou a fechadura e, devagar... bem devagar... foi rodada por um transpirado funcionário da CP que não tinha onde cair morto dada a cor exageradamente branca da sua pele.
A pouco e pouco a porta foi-se abrindo. Eu era das que estava na primeira fila para ver qualquer coisa de extraordinário naquele solitário compartimento do comboio.
Quanto mais se abria, mais extreaordinária era a visão e mais nós fitávamos o seu anterior... Até que, com a porta completamente aberta, nada se podia esconder: a casa de banho estava vazia!
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